sábado, 8 de março de 2008

Mar Português

Exploração do poema:

Este poema é constituído por duas estrofes, de seis versos (sextilhas). Quanto à métrica os versos são irregulares volteando entre decassílabos e octossílabos. A rima emparelhada segundo o esquema aabbcc.
As palavras que rimam são na sua maioria palavras importantes no universo do poema (sal, Portugal, choraram, rezaram, Bojador, dor e céu) realçando a sua expressividade em conjugação com a posição final do verso.

Justificar a localização do poema/excerto na estrutura da obra:

- Mar Português: este poema pertence à segunda parte da obra “Mensagem” de Fernando Pessoa, curiosamente também de nome Mar Português. É o X poema e o mais importante desta segunda parte, talvez até da obra. Assume-se de carácter reflexivo sobre a dor e demonstra como os descobrimentos foram importantes, tanto a nível de perigo como a nível de esperança. Traça um povo português lutador, de convicções fortes e sem obstáculos que o possam derrotar. Torna o sabor amargo da dor num pequeno sacrifício a fazer por um saboroso gosto à vitória.

-Lusíadas: Este excerto encontra-se no canto IV d’Os Lusíadas, na qual Vasco da Gama narra a história de Portugal, narrando entre vários o episódio das “Despedidas de Belém”, ao qual pertence o excerto.

1. Paralelismo com o poema anterior: Poema “Horizonte”

A primeira marca de paralelismo aparecer nestes poemas é a apóstrofe a iniciar o poema “Ò Mar”. O segundo paralelismo é o sonho que apesar de explícito no poema “Horizonte”, no poema “Mar Português” está implicito apenas visível em expressões como “Quem quer passar além do Bojador/tem que passar além da dor”. O último é o facto de dar ao mar duas realidades: o perigo e a paz.

2. As marcas do discurso da primeira/segunda pessoa:

Logo no início do poema é possível observar a segunda pessoa a ser evocada pela primeira pessoa na expressão “Ó mar salgado”
- A primeira pessoa encontra-se em expressões como:”Ó mar” e “nosso”.
- A segunda pessoa encontra-se em expressões como:”teu”, “te” e “fosses”.
Há também um falar do mar como terceira pessoa visível no “nele” mas aqui é novamente a primeira pessoa a evocar e falar sobre o mar, a segunda pessoa.

3. A funcionalidade das frases de tipo exclamativo:

As frases de tipo exclamativo têm como função dar ênfase, um realce aquilo que se perdeu. O sujeito poético afirma “quantas mães”, “quantos filhos”, “quantas noivas” sofreram e perderam aqueles que amavam. Estas frases são uma chamada de atenção à quantidade de sacrifícios, dificuldades, dores que aqueles que ficaram na pátria passaram. Dá realce aquilo que o ser humano guardou marcado no coração: a dor.

4. Relação dos dois primeiros versos da segunda estrofe com a temática do sonho a construir:

O sonho a construir são os descobrimentos para os quais era necessário coragem e vontade. O ser humano tinha de vencer o mito da invencibilidade do mar. E o autor pergunta “Valeu a pena?”. O autor pergunta-nos se o esforço de tantos homens foi realmente necessário. Esta pergunta está aqui para nos relembrar dos horrores que os marinheiros passaram. Contudo, a resposta a esta pergunta vem para apaziguar. Na capa do manuscrito de Fernando Pessoa encontramos a expressão:”mens agitat molem”, isto é, “o espírito move a massa”. Esta expressão assume extrema importância na resposta à pergunta. O autor respondeu:”Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Esta frase e expressão complementam-se e ensinam que o esforço, a dor, o sofrimento “vale a pena” se o ser humano tiver a coragem e se agir com o coração em busca do sonho.

5. A interrogação retórica:

Esta interrogação retórica vem lembrar-nos a dor. Na primeira estrofe vê-se muito do que se sofreu, muito do que se perdeu, que os outros perderam. É uma chamada de atenção para as contrapartidas que o povo português alcançara do destino. Esta interrogação chega-nos perto do coração e faz-nos lembrar que somos humanos e sofremos uma vez que esta expressão evoca a nossa capacidade de raciocínar sobre aquilo que lutamos, sofremos e vencemos.

6. A expressividade na rima Bojador/dor.

O Bojador apresenta-se neste poema coma uma prova, uma vez que o assim foi para os navegadores portugueses. Deve ser entendido na sua dimensão simbólica de, ultrapassar o medo, ultrapassar o desconhecido. É a vontade de se superar a si mesmo, imposta no navegador, para alcançar a glória e a heroicidade. Por outro lado, a dor vem não só corroborar o desejo de a eliminar nas horas de provações, contudo ela tem de ser vencida em primeiro lugar. A dor como afastamento, como perda tem de ser vencida ainda antes de o ser humano se superar a si próprio, neste caso, avançando o Bojador.

7. A funcionalidade do articulador “Mas” no último verso.

Este “Mas” apresenta-se para nos realçar as duas realidades do mar. Durante toda a primeira estrofe vemos o carácter negro, perigoso do mar, pelo qual o homem está em constante dor e sofrimento. É isso mesmo que o autor confirma na expressão “ Deus ao mar o perigo e o abismo deu, contudo, o resto da expressão “Mas nele é que espelhou o céu” diz-nos que o mar pode ser o oposto. O mar pode ser símbolo de alegria, de sonho concretizado, até mesmo de esperança. Então o mar pode ser morte, mas também vida.

8. A expressividade dos recursos estilísticos utilizados:

1.º Estrofe: Na primeira frase encontramos uma apóstrofe: “ Ó Mar” e na última frase, que confere ao poema uma espécie de circularidade. Desta feita, encontramos a metáfora “quando do teu sal são lágrimas de Portugal” associado á hipérbole “quanto” que acentuam no sabor amargo do sal para fazer ressaltar o sofrimento causado pelo mar no povo Português. O paralelismo anafórico em “quanto”, “quantos” acentua o dramatismo das situações narradas. A segunda metáfora “por te cruzarmos” aponta para a cruz como símbolo de sofrimento. Por fim, as frases exclamativas conferem um épico e anunciam as vítimas que o mar fazia em terra: as mães, as noivas, os filhos.
2.º Estrofe: Esta inicia-se com dois versos de teor axiomático, realçando um balanço que o sujeito poético considera positivo, apesar de todos os sacrifícios. A interrogação retórica é uma chamada de atenção para as contrapartidas que o povo português alcançará do mar e do destino. O articulador “mas” anuncia as duas realidades do mar que realça a antítese “perigo”/”céu”. Os verbos “choraram”, “rezaram” e “ficaram por casar” reforçados pela expressão “ em vão” denota a dor, o sofrimento e o choro aflito provocados pela destruição do amor maternal, filial e de namorados. Tudo isto porque desejamos a posse do mar: “para que fosses nosso, ó mar”. A reiteração: “valeu… valeu” e “passar… passar” reforça a relação necessária entre sofrimento e heroísmo. Por fim os tempos do perfeito que predominam ao longo do poema.

9. Aproximação do poema pessoana á epopeia camoniana:

Este poema aproxima se ao episódio das “Despedidas de Belém”. Aproxima-se dele pelo sofrimento daqueles que ficam em terra, pelo seu medo de perderem os que amam para o mar e pelo medo que os que partem também sentem, aproxima-se também pelo perigo que os intervenientes nas despedidas associam ao mar. No poema vemos o “perigo e o abismo” do mar e no episódio de Camões “o mar iroso” e o “caminho duvidoso”, que o povo português tanto teme. Contudo, aproxima-se também do poema “mostrengo” da “Mensagem” e do episódio do “Adamastor” d’os Lusíadas, na medida em que o “mostrengo” e o “Adamastor” representam os perigos e o sofrimento que o mar causou ao povo português durante os descobrimentos. Por outro lado, também se aproxima da personagem do “Velho do Restelo” presente n’“Os Lusíadas”, porque este estava em oposição aos descobrimentos, considerando que estes só iriam trazer sofrimentos e desgraças à nação. Neste poema apesar de considerar que “valeu a pena”, o poeta menciona o sofrimento que o povo português teve que suportar para conseguir alcançar a glória que os descobrimentos trouxeram à nação.
10. A justificação para a localização do poema na obra pessoana:
Este poema é parte integrante da segunda parte da obra dando-lhe mesmo o nome: ”Mar Português”
Esta segunda parte é toda ela dedicada ao mar, ensinando e demonstrando a importância, o perigo e a beleza do mar para o povo português. Assim este poema dedica-se ao mar, ao sofrimento que ele impregnou em Portugal, ao perigo que dele provém, e a sensação de paz e alegria que ele nos dá. O mar é contudo, símbolo de luta e o que constantemente nos relembra que “vale a pena” sonhar e sofrer.

· Objecto: Medalha Comemorativa:

Este objecto vem de encontro ao tema do poema pelo teor daquilo que ele homenageia. Trás uma alusão a Nicolau Coelho que foi o primeiro a pisar Terras de Vera Cruz na descoberta do Brasil. Nicolau Coelhoera capitão da armada Cabral e é natural do município de Felgueiras. É de salientar o facto de Nicolau Coelho não ter participado na descoberta do caminho marítimo para a Índia contudo, foi também importante pois fez outras descobertas também elas importantes para o povo português. Contudo, este objecto trás algo muito mais importante: duas coisas. Por um lado, uma frase, “Navegar é preciso” pela qual remos quão importantes foram os descobrimentos e pela qual sabemos que é necessário continuar a “navegar” para nos espalharmos pelo mundo e espalhar a nossa cultura e história. Por outro lado temos a nau. A nau que é o símbolo de sofrimento, visível na cruz que esta leva na vela, símbolo de luta, esforço e superar-se. As naus nas quais os homens portugueses partiram em busca do desconhecido e da glória, as naus nas e pelas quais muita vida se perdeu, e por fim a nau da conquista. A nau que demonstra que o povo português sofreu e paraceu mas que na qual está estampado o gosto e a alegria da conquista.
·
Música:

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong

Storm.. in the morning light
I feel
No more can I say
Frozen to myself

I got nobody on my side
And surely that ain't right
And surely that ain't right

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong


INSTRUMENTAL

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong



· Tradução:

Ahh, ninguém consegue ver?
Temos uma guerra para travar
Nunca achamos nosso caminho
Diferente ao que eles dizem

Como pode parecer tão errado?
Para esse momento
Como pode parecer tão errado

Tempestade...na luz da manhã
Eu sinto
Não posso dizer mais
Congelada para mim mesmo

Não tenho ninguém ao meu lado
E certamente isso não está certo
E certamente isso não está certo

Ahh, ninguém consegue ver?
Temos uma guerra para travar
Nunca achamos nosso caminho
Diferente ao que eles dizem

Como pode parecer tão errado?
Para esse momento
Como pode parecer tão errado


[Instrumental]

Como pode parecer tão errado?
Para esse momento
Como pode parecer tão errado

Ahh, ninguém consegue ver?
Temos uma guerra para travar
Nunca achamos nosso caminho
Diferente ao que eles dizem

Como pode parecer tão errado?
Para esse momento
Como pode parecer tão errado



Esta música ensina como ver a luta a travar. Logo no início afirma-o dizendo também que o caminho é difícil de encontrar. E assim aconteceu com os marinheiros portugueses. E apesar de tudo parece errado. Àqueles que ficaram ocorreram os pensamentos de como seria bom se aqueles que se amam não tivessem partido, se tivessem ficado a seu lado. Aos que partiram, a tempestade fez ter vontade de regressar, a guerra fez tanto querer desistir. Mesmo palavras muito fortes são ocas para explicar sentimentos, contudo se lhe abrirmos os nossos corações talvez sejamos capazes de sentir algo tão parecido, tão forte como aquilo que nos dizem.

Gupo II
Alexandrina; Aloísio; André; Carlos Peixoto e Rui Pedro

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