sábado, 8 de março de 2008

´Screvo meu livro

Localização

A “Mensagem” é constituída por três partes e cada uma delas tem sub-capítulos.
A primeira parte é o “Brasão”, onde desfilam os heróis lendários, desde Ulisses a D. Sebastião. É constituída por cinco sub-capítulos, “Os Campos”, “Os Castelos”, “As Quinas”, “A Coroa” e “O Timbre”.
A segunda parte é o “Mar Português”, com poesias inspiradas na ânsia do Descobrimento e o esforço heróico da luta contra o mar.
A terceira parte é o “Encoberto” e tem como epígrafe “PAX IN EXCELSIS”, que significa "paz nas alturas". O seu tema é o Quinto Império e o Desejado que há-de vir para o tornar realidade. Tem três partes, a primeira, “Os símbolos” trata da simbologia do tema, D. Sebastião, o rei que morreu na terra, mas nasceu para o mito com a promessa, que outros firmaram por si, de voltar para conduzir a nação à glória. O segundo sub-capítulo, é “Os Avisos” é de interpretação mais imediata, tratando daqueles que anunciam a vinda do “Messias” português. O terceiro e último sub-capítulo é “Os Tempos”.
O poema “ ’Screvo meu livro à beira mágoa” está localizado no “Encoberto”, no sub-capítulo “Os Avisos”.

Considerações sobre a “Mensagem”

Fernando Pessoa começou a sua obra com referências a Camões. O poeta fez isso pois acreditava que um Supra-Camões viria, e ele acreditava que pudesse ser ele mesmo, para transformar o medíocre em grandioso e guiar a pátria portuguesa no caminho da dignidade merecida, mas que ainda não lhe foi possível alcançar.
"A história do futuro", Padre António Vieira, foi uma obra destinada e explanar como Portugal seria a fonte de onde nasceria o Quinto Império, e que este não seria um Império de força e terras, mas sim um Império Espiritual. O título da obra é explicado se se atentar que o autor pretendia ir buscar ao passado, o futuro inevitável da raça lusitana, pois de feitos passados se ergue um futuro por nascer...
O ponto central da ligação da "História do Futuro" com a “Mensagem” é o Sebastianismo. Vieira fez nascer o mito sebastianista feito esperança e renascimento. Pessoa colhe o testemunho, e chama a Vieira “O Grão-Mestre da Ordem Templária de Portugal”. Trata-se de uma ordem imaginária, de que Pessoa se considera um iniciado.
Fernando Pessoa neo-pagão, porque acredita mais nas forças dos homens do que nas forças dos deuses, refuta Jesus por não ser uma figura nacional, mas estrangeira.
O mito sebastianista é porventura o mais complexo e o mais simples de todos aqueles que assombram a história da nacionalidade. Trata-se de um drama histórico, que naturalmente fez nascer sentimentos românticos e saudosistas, no lado da simplicidade, tal como um drama psíquico, fazendo nascer questões mais profundas, questões que dizem respeito ao ser mais íntimo. Pessoa é poeta, sem dúvida, mas o seu tratamento do sebastianismo não é poético, pois ele trata, a questão do mito enquanto assombração da alma portuguesa, a perda da identidade nacional, a perda de independência e restauração de valores antigos. Para Pessoa seria possível buscar uma fé na figura tornada mito do Rei desaparecido, porque Portugal se identificará perfeitamente. Portugal, uma vez grande, que na juventude qual rei-menino se aventurará na guerra, fazendo a sua própria vida e lema de honra e nobreza em nome de valores mais altos que o homem. O Rei, a Nação, que se prende na noite, decadência, renascerá na manhã de nevoeiro.
Na terceira parte, D. Sebastião é já divinizado, surge o Quinto Império do espírito, noutro símbolo, D. Sebastião é desejado, que regressa com o Santo Graal, a nova religião que ele mesmo vai representar. Mais à frente, n’ Os Avisos, Portugal é definido por esse nevoeiro que ainda permanecia sobre todas as coisas. Nevoeiro, dispersão, névoa, esperanças sem um guia perdidas.
O Sebastianismo de Pessoa não é lírico, como o Camoniano, porque se erige a crença na espera do Encoberto, sabe que a esse regresso será um regresso em carne.

Análise do Poema
“ ‘Screvo meu livro à beira mágoa”

O poema “ ‘Screvo meu livro à beira mágoa” é o único poema da “Mensagem” que não possui nome. Fernando Pessoa fala como sucessor do Bandarra e do Padre António Vieira, pois também ele anuncia a boa nova, o advento do Rei que conduzirá Portugal ao Quinto Império. Este poema se tivesse nome certamente chamar-se-ia “Fernando Pessoa” e por isso não o tem: o poema teria esse nome, pois em todo ele o sujeito poético fala dele próprio.
O poema é constituído por cinco quadras com versos octossilábicos e rima cruzada do tipo ABAB, sendo a maioria acentuadas na quarta e oitava sílaba.
Trata-se de um poema, sebastianista, em que o poeta, nos limites da mágoa, apenas consegue preencher os seus dias no refúgio do mito sebastianista, que há-de vir e realizar um sonho português de muitas eras.
O poema pode dividir-se em duas partes. A primeira parte, abrange os seis primeiros versos, em que o poeta nos diz da sua tristeza, nos três primeiros versos, e do único lenitivo para a sua dor, a crença num “senhor” que é a única entidade capaz de lhe devolver a confiança no futuro e preencher seus “dias vácuos” (sexto verso). A segunda parte é iniciada com a conjugação “mas” (sétimo verso) e constituída por uma série de perguntas introduzidas por “quando” e dirigidas a essa entidade mítica que toma vários nomes, tais como: Rei, Hora, Cristo, Encoberto, Sonho, Senhor, apelando para a sua vinda rápida, única forma de materializar sonhos centenários e de o poeta se poder libertar do contingente, do incerto e de alcançar uma “nova terra” e “novos céus”.
Na primeira parte predomina o presente do indicativo para traduzir permanência, são utilizadas frases do tipo declarativo. A maiúsculização da palavra “Senhor”, e a relação Eu-Tu e existência de dois adjectivos bastante expressivos e de certo modo causativamente relacionadas, “dias vácuos” (sexto verso), que são dias vazios e monótonos, “olhos quentes de água” (terceiro verso) é igualmente importante na primeira parte.
A segunda parte caracteriza-se por um conjunto de interrogativas introduzidas por “quando”, em que o poeta interroga ansiosamente o seu presumível interlocutor sobre a Hora da sua vinda, apostrofando-o, agora, como o “Encoberto” e usando várias vezes a perífrase para o designar ao descrever como é o caso de “Quando virás a ser Cristo? / De a quem morreu o falso Deus,”, “Sonho de eras português,” e “Quando, o meu Sonho e meu Senhor?”. Na segunda parte predomina o futuro, porque é só nele que o velho sonho do poeta poderá vir a tornar-se realidade.
O sujeito poético utiliza maiúsculas como forma de abastractização e sugestão sebastianista, a interrogação “quando” dá-nos conta da inquietação, angústia do sujeito, pois vê numa personagem mítica a possibilidade de ultrapassar as contingências do passado e frustrações e o tédio do presente. Utiliza ainda a anástrofe “Sonho de eras português,”, o hipérbato na terceira estrofe “E a despertar do mal que existo, / A nova Terra e os Novos Céus”. A metáfora é utilizada para ultrapassar o sentido real das palavras para lhes emprestar um sentido imaginário.
Este poema enquadra-se na obra pessoana, pois faz referência ao mito sebastianista e fala do próprio sujeito poético, ou seja, Fernando Pessoa.

Objecto e Música

Para o nosso poema, existem dois objectos que poderão ser apresentados, a Bíblia, porque em todo o poema o sujeito poético faz referência a Deus, como é o caso: “Quando virás a ser o Cristo / De a quem morreu o falso Deus” e “De um grande anseio que Deus fez?”. O poema tem também uma valente metafísica, daí a escolha da Bíblia como um dos objectos. O segundo objecto, será “Os Lusíadas”, pois este foi a “inspiração” de Fernando Pessoa, foram dedicados a D. Sebastião, em toda a obra a “Mensagem”.


A música que escolhemos para este poema, é “Por quem não esqueci” do grupo Sétima Legião. Escolhemos esta música porque faz referência a saudade, a espera de alguém que não vai voltar. Nós associamos esse alguém a D. Sebastião. A letra fala-nos da noite, essa noite para nós e o nevoeiro, pois esperamos que D. Sebastião chegue por entre o nevoeiro.




“Por Quem Não Esqueci”
Sétima Legião

Há uma voz de sempre,
Que chama por mim.
Para que eu lembre,
Que a noite tem fim.

Ainda procuro,
Por quem não esqueci.
Em nome de um sonho,
Em nome de ti.

Procuro à noite,
Um sinal de ti.
Espero à noite,
Por quem não esqueci.

Eu peço à noite,
Um sinal de ti.
Quem eu não esqueci...

Por sinais perdidos,
Espero em vão.
Por tempos antigos,
Por uma canção.

Ainda procuro,
Por quem não esqueci.
Por quem já não volta,
Por quem eu perdi.

Procuro à noite,
Um sinal de ti.
Espero à noite,
Por quem não esqueci.

Eu peço à noite,
Um sinal de ti.
Quem eu não esqueci...

Procuro à noite,
Um sinal de ti.
Espero à noite,
Por quem não esqueci.

Eu peço à noite,
Um sinal de ti.
Quem eu não esqueci...

Grupo V
Bruno; Joana Martins; Priscila e Rute.

Quinto Império

Introdução


Neste nosso trabalho vamos fazer a análise do poema de Fernando Pessoa, “O Quinto Império”.
Vamos tentar fazer uma análise pormenorizada do poema, falando da intencionalidade de Fernando Pessoa ao usar alguns tipos de pontuação, da presença do oxímoro, dos impérios passados, entre outros...


O Quinto Império

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz-
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa – os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
A estrutura

A Mensagem está dividida em três partes. Esta tripartição corresponde a três momentos do império português: Nascimento, Realização, Morte. Mas esta morte não é definitiva, pois pressupõe um renascimento que será o novo império, futuro e espiritual.


Enquadramento do poema “O Quinto Império”


O poema “O Quinto Império” situa-se na terceira parte, O Encoberto( a imagem do império moribundo, a fé de que a morte contenha em si a semente da ressurreição, capaz de provocar o nascimento do império espiritual, moral e civilizacional. A presença do Quinto Império).
Nesta terceira parte aparece a desintegração, havendo, por isso, um presente de sofrimento e de mágoa, pois “falta cumprir-se Portugal “. É preciso acontecer a regeneração, que será anunciada por símbolos e avisos.
A Mensagem recorre ao ocultismo para criar o herói – O Encoberto – que se apresenta como D. Sebastião. Note-se que o ocultismo remete para um sentimento de mistério, indecifrável para a maioria dos mortais. Daí que só o detentor do privilégio esotérico (oculto/secreto) se encontra legitimado para realizar o sonho do Quinto Império.

Breve análise do poema “O Quinto Império”


As ideias fundamentais deste poema são a contradição entre a tristeza do presente e a alegria e a profecia do que será o Quinto Império.
Fernando Pessoa escreveu neste poema “Triste de quem é feliz”. A felicidade é, para o homem vulgar, uma situação de comodismo, de adaptação às normas da sociedade, por outras palavras, uma situação de quase total indiferença perante as coisas. Por isso, o poeta considera essa felicidade como tristeza. Na verdade, não é a essa felicidade que deve aspirar o herói. “ Ser descontente é ser homem”. Isto significa que, sem essa inquietação da busca, ninguém consegue alcançar valores mais elevados do espírito (“Que as forças cegas se domem/Pela visão que a alma tem!”)
Diversas vezes o poeta tem insistido na ideia de que é preciso uma coragem sobre-humana para vencer as grandes provações da vida e conquistar o espírito. O quinto império sucederá aos outros quatro, a que o autor se refere na última quadra. Mas atentemos no que o próprio Fernando Pessoa escreveu a propósito desse sonhado império num “prefácio” que escrevera um amigo, Augusto Ferreira Gomes.


A presença do oximoro e a relação deste poema com o poema “D. Sebastião” da parte do “Brasão”.

Trata-se de um poema que afirma uma filosofia sobre o Homem e o viver.
Para o poeta, e retomando o que vinha dizendo desde a primeira parte, a única coisa que faz sentido na vida é o sonho (…) sem o sonho, capaz de remover montanhas, a vida é triste, ainda que no conforto sentado do lar, (Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar).
Prosseguindo, nesta espécie de introdução, constituída pelas duas primeiras quintilhas, o poeta reincide no oxímoro, ao afirmar: “Triste de quem é feliz”. A explicação para tal afirmação paradoxal é a seguinte:
É que quem é feliz limita-se a viver por viver, porque a vida dura e enquanto dura – como se dizia no poema “ D. Sebastião” (da primeira parte – “Brasão”), “ sem a loucura que é o homem/ mais que a besta sadia/ cadáver adiado que procria?”. Para Pessoa, loucura é o sonho que impele a ir mais além. O que distingue o homem do animal é a capacidade de sonhar e de partir nas asas ou nas naus do sonho, para que a obra nasça.
Assim podemos mostrar a semelhança que existe entre este poema e o poema “D. Sebastião” da primeira parte “Brasão”, pois neste último revela que como já foi referido é preciso lutar pelos sonhos, e para a construção do quinto império só é possível se lutarmos pelo sonho.


A relação de “O QUINTO IMPÉRIO” com o segundo poema d’ “Os Avisos”

Também padre António Vieira profetizou o quinto império, escrevendo “A História do futuro”, manifestação do seu sebastianismo místico.
Neste poema Fernando Pessoa põe em evidência o valor de António Vieira como escritor: “imperador da língua portuguesa”. Pensador: “no imenso espaço seu de meditar”. Profeta do quinto império: “mas não, não é luar:é luz do étereo/é um dia; e, no céu amplo de desejo, / A madrugada irreal do quinto império / doira as margens do Tejo.


Recursos estilísticos

"Triste de quem..." - a mesma noção já encontrada em O das Quinas de que ser feliz é uma infelicidade porque se vive maquinalmente e não para o sonho ou para os cometimentos.
"a lição da raiz - ter por vida a sepultura" - na própria essência material do homem está, desde a sua origem, a inevitabilidade da morte.
"Passados os quatro tempos do ser que sonhou" - referência ao rei assírio Nabucodonosor que, segundo a Bíblia, sonhou com uma estátua de quatro metais que o profeta Daniel interpretou como uma premonição de quatro grandes impérios sucessivos, dos quais o seu era cronologicamente o primeiro.
"Que no atro da erma noite começou" - que começou nas trevas da noite deserta.
"Grécia, Roma, Cristandade, Europa" - os quatro impérios que Pessoa pensava ajustarem-se ao sonho do rei assírio.
"Vão para onde vai toda a idade" - envelhecem e morrem; desaparecem.
"Quem vem viver a verdade?" – o Quinto Império sonhado por pessoa é uma abstracção de Luz (ou Verdade, ou Cultura. todos os termos são, nesta acepção, equivalentes). A frase deve ser lida "Quem vem viver o Quinto Império?".
"Quem vem viver a verdade que morreu Dom Sebastião?" - completa, a frase torna-se uma interrogação meramente retórica, a menos que se tome "que" na acepção de "porque" ou "para a qual". Nesse caso a frase torna-se "Quem viver a verdade (do Quinto Império) para a qual D.Sebastião morreu".


Quanto aos impérios do passado eram o de Roma, o da Grécia, o da Cristandade, e o da Europa.


Grupo IV
Carlos Alberto; Hélder; Paulo; Romeu e Rui Mendes.

Prece

Ø Análise do poema: “Prece”

Nesta segunda parte da obra que nos propomos analisar celebram-se personalidades e acontecimentos que, graças ao poder criador do sonho, tornaram possíveis os Descobrimentos e a consolidação do Império.
Este poema localiza-se no final da segunda parte da obra, após a “Última Nau”. Depois do poeta nos apresentar o percurso grandioso de Portugal, exactamente graças ao poder criador do sonho.
Em termos formais, constatamos que o poema é constituído por três estrofes, de quatro versos (quadras). Quanto ao metro os versos são irregulares. Os versos são constituídos predominantemente por oito e dez sílabas (sendo portanto octossílabos e decassílabos, respectivamente). O ritmo deste poema confere-lhe um tom alto e sublimado próprio do poema épico. A rima é cruzada, segundo o esquema abab, cdcd, efef. Merecem ainda destaque neste campo as sonoridades que são nasais e apontam para uma certa nostalgia e tristeza.
O tema desta composição poética pode dizer-se que é a súplica a alguém (D. Sebastião, Deus ou D. Sebastião divinizado) para que devolva ao povo português a chama oculta debaixo das cinzas. O título do poema Prece remete-nos de imediato para aquele tema.
O sujeito poético inicia o poema com uma apóstrofe ao Senhor, que aqui pode ser identificado com várias entidades, referindo-se a um tempo de grandeza anterior como já mencionámos. A esse tempo de grandeza sobreveio a noite e a pequenez de espírito “a alma é vil”. Este espírito desprezou o valor da grandeza do passado. Talvez se entendermos o vocativo inicial como uma invocação a Deus e ao poder divino, talvez se possa entender que só a divindade poderá transformar tudo.

A expressão “a noite veio”, implica a existência prévia do dia e a passagem deste a noite. Se o dia foi o tempo de grandeza, a noite será o tempo de abatimento, tristeza e destruição. No passado situam-se a tormenta “tanta foi a tormenta” e o sonho “ a vontade!”. A frase exclamativa presente no segundo verso confere ao discurso grande emotividade.
As dificuldades foram muitas, mas a atitude assumida pelo povo “ nós” (eu + outros portugueses) foi de vontade para as ultrapassar. O desalento é o sentimento assumido pelo sujeito poético e que deve ser também assumido pelos outros. Resta o silêncio e a saudade, após a conquista do mar. Estamos portanto diante de um Portugal marcado pela indolência “pelo silêncio hostil”, pelo apego às coisas materiais, sem capacidade de sonhar “ a alma é vil” em contraste com um passado de “tormenta e vontade”.

A segunda estrofe introduzida pela conjunção adversativa (mas) opõe-se à primeira estrofe, que começa pela afirmação peremptória do desalento e da conformação com a situação presente em que apenas resta “o mar universal e a saudade”.
Em “A mão do vento”, a metáfora e a personificação demonstram a ideia de que pode erguer-se novamente a chama (a esperança), porque enquanto há vida (“ ainda não é finda”) há esperança. Esta e o sonho podem ainda ganhar força, tal como o fogo quase extinto pode ser reavivado por um sopro, a Alma portuguesa pode ainda levantar-se. A repetição do ainda reforça a ideia de que nada está perdido e de que com uma atitude diferente (a acção do vento) tudo se pode alterar. Note-se a expressão “o frio morto”, em que o adjectivo morto poderá ter um sentido conotativo de ocultar vida renovada, como a Fénix que surge das cinzas.
Na terceira estrofe, em consonância com o título, o sujeito poético, em tom de súplica, pede que um “sopro” divino ajude a atear a “chama do esforço”, ainda que se tenha de pagar com “desgraça” ou suportar o peso da “ânsia”.

Os dois últimos versos deste poema recordam-nos os do poema “Infante”, “ Cumpriu-se o mar, e o Império se desfez! Senhor, falta cumprir-se Portugal!”. A Distância é o caminho para o conhecimento: em primeiro lugar do mar na primeira viagem que indica o império material e agora outra (a nova viagem), que indica o império espiritual. No último verso, reforça-se assim a ideia de que é necessário procurar a identidade e o prestígio nacionais perdidos. Estes dois versos traduzem de facto a crença num futuro risonho.
É interessante lembrar que este poema de doze versos é o 12º da segunda parte da “Mensagem”. Considerando o número doze como símbolo de um ciclo completo que se renova, é fácil perceber que tendo-se cumprido o mar, seja necessário conquistar novamente a “Distância” para que se cumpra Portugal.


Ø O discurso na primeira pessoa:

O poema que estamos a analisar apresenta um discurso na primeira pessoa do plural. Que é visível, por exemplo, nas expressões: “Restam-nos” (v.3), “nós” (v.5); “conquistemos” (v.11) e “nossa” (v.12).
O discurso é na primeira pessoa porque refere-se ao povo português. O desejo/sentimento do sujeito lírico, em jeito de súplica, não é só do poeta mas deve ser de todos nós -portugueses.


Ø As marcas da presença do receptor:

No poema existem marcas/palavras que demonstram a presença de um receptor ao qual o sujeito poético se dirige fazendo um pedido. E essas marcas são as palavras: “Senhor” (v.1) e “Dá” (v.9).


Ø A formulação do pedido:

Fernando Pessoa apresenta este pedido como uma súplica, sob a forma de vento, como é notado nas expressões “Dá sopro” e “a aragem”, como forma de reavivar uma chama aparentemente apagada. Esta súplica é feita no intuito que uma mão divina ajude a erguer novamente um clarão remanescente ao olhar humano. E será esta pequena aragem, este inabalável sopro que fará toda a diferença. Irá consistir assim num reaprender de ideias, de conquistas.


Ø Os tempos verbais predominantes nessas estrofes:

Ao longo do poema a “Prece” predomina ao longo das suas três estrofes tempos verbais no presente do indicativo e o futuro, mas também faz referência a marcas passadas. Estão presentes em expressões como “a noite veio e a alma é vil”/”Tanta foi a tormenta”; “Resta-nos hoje”; “que a vida em nos criou”; ”pode erguê-la”; “E outra vez conquistemos…”. É assim entendido como algo que se necessita hoje e que se espera que emirja amanhã; algo de revolucionário que se apresente ao nosso ser.


Ø A simbologia da “noite”:

Para os Gregos, a noite era a filha do Caos e a mãe do Céu (Urano) e da Terra (Gaia). Ela gerou também o sono e a morte, os sonhos e as angústias, a ternura e o engano. As noites eram com frequência prolongadas à vontade dos Deuses, que paravam o Sol e a Lua a fim de melhor realizarem os seus desígnios.
A noite percorre o céu, envolta num véu sombrio, num carro atrelado com quatro cavalos negros, com o cortejo das suas filhas, as Fúrias, as Parcas. Imola-se a esta divindade ctoniana uma velhinha negra.
Entre os Maias o mesmo glifo servia para designar a noite, o interior da Terra e a morte (THOH).
A noite é, na concepção celta do tempo, o começo da jornada, assim como o Inverno é o princípio do ano. A duração legal da noite e do dia corresponde, na Irlanda, a 24 horas e, simbolicamente, à eternidade.
O nome galês da semana é, etimologicamente, oito noites.
A noite simboliza o tempo das gestações das germinações, das conspirações que desabrocharão em pleno dia como manifestação de vida. É rica em todas as virtualidades de existência. Porém, entrar na noite é regressar ao indeterminado, onde se misturam pesadelos e monstros, as ideias negras. A noite é a imagem do inconsciente e, no sono da noite, o inconsciente liberta-se.
Como qualquer símbolo, a noite apresenta um duplo aspecto: o das trevas onde fermenta o futuro, e o da preparação do dia, donde brotará a luz da vida.
Na teologia mística, a noite simboliza o desaparecimento de todo o conhecimento distinto, analítico, exprimível; mais ainda, a privação de toda a evidência e de todo o apoio psicológico. Por outras palavras, como obscuridade, a noite é própria para a purificação do intelecto, enquanto que vazio e despojamento dizem respeito à purificação da memória, aridez e secura, à purificação dos desejos e afectos sensíveis, e até das aspirações mais elevadas.
Neste poema, a “noite” pode ser vista sobre dois distintos pontos de vista.
De um primeiro ponto pode ser vista como as trevas, devido à situação em que a nação se encontra, porque mesmo com o seu futuro “fermentando” esta continua na sombra, na obscuridade.
Por outro lado pode ser vista como a preparação do dia donde brotará a luz da vida, ou seja, a preparação daquilo que será o glorioso futuro de Portugal, o seu domínio cultural, a reconstrução da sua essência do seu império.


Ø A expressividade da repetição do termo “ainda”:

O termo “ainda” que aparece repetido ao longo da segunda estrofe remete-nos para uma sensação de esperança, de glória vindoura. Com este termo temos a possibilidade de ter uma réstia de esperança para erguer o quinto império, nem tudo está perdido e com empenho e dedicação tudo se conseguirá.
Apenas falta uma pessoa para iniciar o império, ser o impulsionador.


Ø A isotopia da esperança:

A palavra isotopia provém de uma outra, isótopo; esta consiste em átomos com o mesmo número atómico mas diferentes massas atómicas. A palavra ”isótopo”, que significa no mesmo sítio, vem do facto de que os isótopos se situam no mesmo local na tabela periódica.
Relacionando agora com o poema, refere-se ao facto do átomo ser uma partícula extremamente pequena e, como tal, neste contexto a pequena partícula é a chama.
No meio de toda a frustração, do desânimo, espera-se que uma súbita aragem volte a erguer o que se havia perdido até então, ou seja, que consiga pôr novamente sobre alicerces suficientemente fortes para aguentar todo o erguer de uma nação.


Ø O prenúncio[1] do quinto império:

No texto podemos denotar um certo incentivo ao quinto império, nomeadamente na terceira estrofe, onde temos expressões como: “com que a chama do esforço se remoça, / E outra vez conquistemos a Distância - / Do mar ou outra, mas que seja nossa!”, que na nossa opinião é um claro prenúncio* ao glorioso Portugal que se irá reerguer (quinto império), e com “a chama do esforço” tudo se conseguirá, com o esforço da cultura, não das armas, porque estas já não levam a lado algum. Apesar de todos os obstáculos que existem a separar-nos deste objectivo a “distância” será novamente conquistada.


Ø A expressividade dos recursos estilísticos utilizados:

O sujeito poético inicia o poema com uma apóstrofe ao “Senhor”, uma espécie de chamamento do receptor a quem é destinado o discurso.
Em “A mão do vento”, a personificação aqui existente simboliza a ideia de que uma mão divina vai fazer com que a chama se reacenda. Também é visível o emprego de substantivos abstractos, nomeadamente, “tormenta”, “vontade”, “silêncio”, “saudade”, “desgraça”, “ânsia”, “esforço”. É também de realçar a presença de adjectivos como “alma é vil”, “silêncio hostil”.
A anáfora da palavra “ainda” reforça a ideia de que nada está perdido e de que com uma atitude diferente (a acção do vento) tudo se pode alterar.


Ø Semelhanças/diferenças do poema pessoano face à epopeia camoniana:

Na epopeia, Camões elogia um herói passado. Escreveu-a numa altura em que o país entrava em decadência de valores e pretendia tornar o povo português um herói universal. Por outro lado, Pessoa quer divulgar a língua e cultura portuguesas, tornando-se mundiais. Pessoa pretende “adivinhar” um futuro grandioso. No entanto, para que Portugal alcance esta glória e se expanda pelo mundo, ambos pedem ajuda divina, suplicando aos deuses que auxiliem Portugal na conquista do mar.



Ø Justificação para a localização do poema na obra pessoana:

O poema “Prece” está localizado na parte final do “Mar Português” da “Mensagem”, pois aqui fecha-se este ciclo de tentativa de transmitir a palavra com uma invocação do poeta à intervenção divina. Fernando Pessoa afirma que os portugueses venceram tantos obstáculos que hoje perderam a valia. No entanto, tal como um sopro pode reavivar um fogo tão extinto, também a Alma Portuguesa pode levantar-se para que seja de novo grande entre as Nações (“E outra vez conquistemos a Distância”). Então este poema é ideal para encerrar esta parte da “Mensagem”. Sendo “Mar Português” a visão mística da história, Pessoa quer mostrar que “o mar é nosso”, que os Portugueses foram os primeiros a conquista-lo, que ele é o caminho para a perfeição.



Ø Fénix

A Fénix (em grego ϕοῖνιξ) é um pássaro da mitologia grega que quando morria entrava em auto-combustão e passado algum tempo renascia das próprias cinzas. Outra característica da Fénix é a sua força que a faz transportar em voo cargas muito pesadas, havendo lendas nas quais chega a carregar elefantes.
Fénix, é o mais belo de todos os animais fabulosos, simbolizava a esperança e a continuidade da vida após a morte. Revestida de penas vermelhas e douradas, as cores do Sol nascente, possuía uma voz melodiosa que se tornava triste quando a morte se aproximava. A impressão que a sua beleza e tristeza causava nos outros animais, chegava a provocar a morte deles.
Segundo a lenda, apenas uma Fénix podia viver de cada vez. Hesíodo, poeta grego do século VIII a.C., afirmou que esta ave vivia nove vezes o tempo de existência do corvo, que tem uma longa vida. Outros cálculos mencionaram até 97.200 anos.
Quando a ave sentia a morte aproximar-se, construía uma pira de ramos de canela, sálvia e mirra em cujas chamas morria queimada. Mas das cinzas erguia-se então uma nova Fénix, que colocava piedosamente os restos da sua progenitora num ovo de mirra e voava com eles à cidade egípcia de Heliópolis , onde os colocava no Altar do Sol. Dizia-se que estas cinzas tinham o poder de ressuscitar um morto. O devasso imperador romano Heliogábalo (204-222 d. C.) decidiu comer carne de Fénix, a fim de conseguir a imortalidade. Comeu uma ave-do-paraíso, que lhe foi enviada em vez de uma Fénix, mas foi assassinado pouco tempo depois.
Actualmente os estudiosos crêem que a lenda surgiu no Oriente e foi adaptada pelos sacerdotes do Sol de Heliópolis como uma alegoria da morte e renascimento diários do astro-rei. Tal como todos os grandes mitos gregos, desperta consonâncias no mais íntimo do homem. Na arte cristã, a Fénix renascida tornou-se um símbolo popular da ressurreição de Cristo.
Curiosamente, o seu nome pode dever-se a um equívoco de Heródoto, historiador grego do século V a.C.. Na sua descrição da ave, ele pode tê-la erroneamente designado por Fénix (phoenix), a palmeira (phoinix em grego) sobre a qual a ave era nessa época representada.

Simbologia e história

A crença na ave lendária que renasce das próprias cinzas existiu em vários povos da antiguidade como gregos, egípcios e chineses. Em todas as mitologias o significado é preservado: a perpetuação, a ressurreição, a esperança que nunca têm fim.
Para os gregos, a fénix por vezes estava ligada ao deus Hermes e é representada em muitos templos antigos. Há um paralelo da fénix com o Sol, que morre todos os dias no horizonte para renascer no dia seguinte, tornando-se o eterno símbolo da morte e do renascimento da natureza.
Os egípcios a tinham por "Benu" e estava sempre relacionada a estrela "Sótis", ou estrela de cinco pontas, estrela flamejante, que é pintada ao seu lado.
Na China antiga a fénix foi representada como uma ave maravilhosa e transformada em símbolo da felicidade, da virtude, da força, da liberdade, e da inteligência. Na sua plumagem, brilham as cinco cores sagradas.
No ínicio da era Cristã esta ave fabulosa foi símbolo do renascimento e da ressurreição. Neste sentido, ela simboliza o Cristo ou o Iniciado, recebendo uma segunda vida, em troca daquela que sacrificou pela humanidade.


Ø Objecto: Cinzas


Escolhemos cinzas como símbolo do nosso trabalho porque se relacionarmos o significado que elas têm no poema com o significado que tiveram ao longo dos tempos na história, podemos vê-las como imagem da nação em ruínas; vestígio do que em tempos foi, mas no entanto a sua essência permanece a mesma, só que adormecida, esquecida. Olhamos para as cinzas e são o que sobrou do corpo (da nação) e não o vemos, mas não deixou de o ser, permanece. Até que ganhe nova alma e das cinzas renasça o ser que existia com todo o seu esplendor, glória e essência.
Neste caso podemos dizer que mesmo estando Portugal adormecido, “em cinzas” basta estas voarem, ou seja os portugueses sonharem e acreditarem no sonho para que delas nasça um Portugal ainda maior do que o deu origem às cinzas. Um Portugal onde impere a cultura, a sabedoria, os valores/os ideais justos, a perfeição e a humanidade.


Ø Música: Mariza- “Meu fado meu”


Trago um Fado no meu canto
Canto a noite até ser dia
Do meu povo, trago pranto
No meu canto a Mouraria

Tenho saudades de mim
Do meu amor mais amado
Eu canto um país em fim
O mar, a terra o meu Fado

O meu Fado, meu Fado, meu Fado
Meu Fado, meu Fado

De mim me falto Eu
Senhora da minha vida
Do sonho digo que é meu
E dou por mim já nascida

Trago um Fado no meu canto
Na minha alma vem guardado
Vem por dentro do meu espanto
A procura do meu Fado

O meu Fado, o meu Fado
O meu Fado, meu Fado

Meu Fado, meu Fado
Meu Fado, meu Fado
Meu Fado

Meu Fado, meu Fado
Meu Fado, meu Fado…
[1] Enunciar uma coisa futura


Grupo III

Alexandra, Bárbara, César e Rui Monteiro.

Mar Português

Exploração do poema:

Este poema é constituído por duas estrofes, de seis versos (sextilhas). Quanto à métrica os versos são irregulares volteando entre decassílabos e octossílabos. A rima emparelhada segundo o esquema aabbcc.
As palavras que rimam são na sua maioria palavras importantes no universo do poema (sal, Portugal, choraram, rezaram, Bojador, dor e céu) realçando a sua expressividade em conjugação com a posição final do verso.

Justificar a localização do poema/excerto na estrutura da obra:

- Mar Português: este poema pertence à segunda parte da obra “Mensagem” de Fernando Pessoa, curiosamente também de nome Mar Português. É o X poema e o mais importante desta segunda parte, talvez até da obra. Assume-se de carácter reflexivo sobre a dor e demonstra como os descobrimentos foram importantes, tanto a nível de perigo como a nível de esperança. Traça um povo português lutador, de convicções fortes e sem obstáculos que o possam derrotar. Torna o sabor amargo da dor num pequeno sacrifício a fazer por um saboroso gosto à vitória.

-Lusíadas: Este excerto encontra-se no canto IV d’Os Lusíadas, na qual Vasco da Gama narra a história de Portugal, narrando entre vários o episódio das “Despedidas de Belém”, ao qual pertence o excerto.

1. Paralelismo com o poema anterior: Poema “Horizonte”

A primeira marca de paralelismo aparecer nestes poemas é a apóstrofe a iniciar o poema “Ò Mar”. O segundo paralelismo é o sonho que apesar de explícito no poema “Horizonte”, no poema “Mar Português” está implicito apenas visível em expressões como “Quem quer passar além do Bojador/tem que passar além da dor”. O último é o facto de dar ao mar duas realidades: o perigo e a paz.

2. As marcas do discurso da primeira/segunda pessoa:

Logo no início do poema é possível observar a segunda pessoa a ser evocada pela primeira pessoa na expressão “Ó mar salgado”
- A primeira pessoa encontra-se em expressões como:”Ó mar” e “nosso”.
- A segunda pessoa encontra-se em expressões como:”teu”, “te” e “fosses”.
Há também um falar do mar como terceira pessoa visível no “nele” mas aqui é novamente a primeira pessoa a evocar e falar sobre o mar, a segunda pessoa.

3. A funcionalidade das frases de tipo exclamativo:

As frases de tipo exclamativo têm como função dar ênfase, um realce aquilo que se perdeu. O sujeito poético afirma “quantas mães”, “quantos filhos”, “quantas noivas” sofreram e perderam aqueles que amavam. Estas frases são uma chamada de atenção à quantidade de sacrifícios, dificuldades, dores que aqueles que ficaram na pátria passaram. Dá realce aquilo que o ser humano guardou marcado no coração: a dor.

4. Relação dos dois primeiros versos da segunda estrofe com a temática do sonho a construir:

O sonho a construir são os descobrimentos para os quais era necessário coragem e vontade. O ser humano tinha de vencer o mito da invencibilidade do mar. E o autor pergunta “Valeu a pena?”. O autor pergunta-nos se o esforço de tantos homens foi realmente necessário. Esta pergunta está aqui para nos relembrar dos horrores que os marinheiros passaram. Contudo, a resposta a esta pergunta vem para apaziguar. Na capa do manuscrito de Fernando Pessoa encontramos a expressão:”mens agitat molem”, isto é, “o espírito move a massa”. Esta expressão assume extrema importância na resposta à pergunta. O autor respondeu:”Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Esta frase e expressão complementam-se e ensinam que o esforço, a dor, o sofrimento “vale a pena” se o ser humano tiver a coragem e se agir com o coração em busca do sonho.

5. A interrogação retórica:

Esta interrogação retórica vem lembrar-nos a dor. Na primeira estrofe vê-se muito do que se sofreu, muito do que se perdeu, que os outros perderam. É uma chamada de atenção para as contrapartidas que o povo português alcançara do destino. Esta interrogação chega-nos perto do coração e faz-nos lembrar que somos humanos e sofremos uma vez que esta expressão evoca a nossa capacidade de raciocínar sobre aquilo que lutamos, sofremos e vencemos.

6. A expressividade na rima Bojador/dor.

O Bojador apresenta-se neste poema coma uma prova, uma vez que o assim foi para os navegadores portugueses. Deve ser entendido na sua dimensão simbólica de, ultrapassar o medo, ultrapassar o desconhecido. É a vontade de se superar a si mesmo, imposta no navegador, para alcançar a glória e a heroicidade. Por outro lado, a dor vem não só corroborar o desejo de a eliminar nas horas de provações, contudo ela tem de ser vencida em primeiro lugar. A dor como afastamento, como perda tem de ser vencida ainda antes de o ser humano se superar a si próprio, neste caso, avançando o Bojador.

7. A funcionalidade do articulador “Mas” no último verso.

Este “Mas” apresenta-se para nos realçar as duas realidades do mar. Durante toda a primeira estrofe vemos o carácter negro, perigoso do mar, pelo qual o homem está em constante dor e sofrimento. É isso mesmo que o autor confirma na expressão “ Deus ao mar o perigo e o abismo deu, contudo, o resto da expressão “Mas nele é que espelhou o céu” diz-nos que o mar pode ser o oposto. O mar pode ser símbolo de alegria, de sonho concretizado, até mesmo de esperança. Então o mar pode ser morte, mas também vida.

8. A expressividade dos recursos estilísticos utilizados:

1.º Estrofe: Na primeira frase encontramos uma apóstrofe: “ Ó Mar” e na última frase, que confere ao poema uma espécie de circularidade. Desta feita, encontramos a metáfora “quando do teu sal são lágrimas de Portugal” associado á hipérbole “quanto” que acentuam no sabor amargo do sal para fazer ressaltar o sofrimento causado pelo mar no povo Português. O paralelismo anafórico em “quanto”, “quantos” acentua o dramatismo das situações narradas. A segunda metáfora “por te cruzarmos” aponta para a cruz como símbolo de sofrimento. Por fim, as frases exclamativas conferem um épico e anunciam as vítimas que o mar fazia em terra: as mães, as noivas, os filhos.
2.º Estrofe: Esta inicia-se com dois versos de teor axiomático, realçando um balanço que o sujeito poético considera positivo, apesar de todos os sacrifícios. A interrogação retórica é uma chamada de atenção para as contrapartidas que o povo português alcançará do mar e do destino. O articulador “mas” anuncia as duas realidades do mar que realça a antítese “perigo”/”céu”. Os verbos “choraram”, “rezaram” e “ficaram por casar” reforçados pela expressão “ em vão” denota a dor, o sofrimento e o choro aflito provocados pela destruição do amor maternal, filial e de namorados. Tudo isto porque desejamos a posse do mar: “para que fosses nosso, ó mar”. A reiteração: “valeu… valeu” e “passar… passar” reforça a relação necessária entre sofrimento e heroísmo. Por fim os tempos do perfeito que predominam ao longo do poema.

9. Aproximação do poema pessoana á epopeia camoniana:

Este poema aproxima se ao episódio das “Despedidas de Belém”. Aproxima-se dele pelo sofrimento daqueles que ficam em terra, pelo seu medo de perderem os que amam para o mar e pelo medo que os que partem também sentem, aproxima-se também pelo perigo que os intervenientes nas despedidas associam ao mar. No poema vemos o “perigo e o abismo” do mar e no episódio de Camões “o mar iroso” e o “caminho duvidoso”, que o povo português tanto teme. Contudo, aproxima-se também do poema “mostrengo” da “Mensagem” e do episódio do “Adamastor” d’os Lusíadas, na medida em que o “mostrengo” e o “Adamastor” representam os perigos e o sofrimento que o mar causou ao povo português durante os descobrimentos. Por outro lado, também se aproxima da personagem do “Velho do Restelo” presente n’“Os Lusíadas”, porque este estava em oposição aos descobrimentos, considerando que estes só iriam trazer sofrimentos e desgraças à nação. Neste poema apesar de considerar que “valeu a pena”, o poeta menciona o sofrimento que o povo português teve que suportar para conseguir alcançar a glória que os descobrimentos trouxeram à nação.
10. A justificação para a localização do poema na obra pessoana:
Este poema é parte integrante da segunda parte da obra dando-lhe mesmo o nome: ”Mar Português”
Esta segunda parte é toda ela dedicada ao mar, ensinando e demonstrando a importância, o perigo e a beleza do mar para o povo português. Assim este poema dedica-se ao mar, ao sofrimento que ele impregnou em Portugal, ao perigo que dele provém, e a sensação de paz e alegria que ele nos dá. O mar é contudo, símbolo de luta e o que constantemente nos relembra que “vale a pena” sonhar e sofrer.

· Objecto: Medalha Comemorativa:

Este objecto vem de encontro ao tema do poema pelo teor daquilo que ele homenageia. Trás uma alusão a Nicolau Coelho que foi o primeiro a pisar Terras de Vera Cruz na descoberta do Brasil. Nicolau Coelhoera capitão da armada Cabral e é natural do município de Felgueiras. É de salientar o facto de Nicolau Coelho não ter participado na descoberta do caminho marítimo para a Índia contudo, foi também importante pois fez outras descobertas também elas importantes para o povo português. Contudo, este objecto trás algo muito mais importante: duas coisas. Por um lado, uma frase, “Navegar é preciso” pela qual remos quão importantes foram os descobrimentos e pela qual sabemos que é necessário continuar a “navegar” para nos espalharmos pelo mundo e espalhar a nossa cultura e história. Por outro lado temos a nau. A nau que é o símbolo de sofrimento, visível na cruz que esta leva na vela, símbolo de luta, esforço e superar-se. As naus nas quais os homens portugueses partiram em busca do desconhecido e da glória, as naus nas e pelas quais muita vida se perdeu, e por fim a nau da conquista. A nau que demonstra que o povo português sofreu e paraceu mas que na qual está estampado o gosto e a alegria da conquista.
·
Música:

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong

Storm.. in the morning light
I feel
No more can I say
Frozen to myself

I got nobody on my side
And surely that ain't right
And surely that ain't right

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong


INSTRUMENTAL

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong



· Tradução:

Ahh, ninguém consegue ver?
Temos uma guerra para travar
Nunca achamos nosso caminho
Diferente ao que eles dizem

Como pode parecer tão errado?
Para esse momento
Como pode parecer tão errado

Tempestade...na luz da manhã
Eu sinto
Não posso dizer mais
Congelada para mim mesmo

Não tenho ninguém ao meu lado
E certamente isso não está certo
E certamente isso não está certo

Ahh, ninguém consegue ver?
Temos uma guerra para travar
Nunca achamos nosso caminho
Diferente ao que eles dizem

Como pode parecer tão errado?
Para esse momento
Como pode parecer tão errado


[Instrumental]

Como pode parecer tão errado?
Para esse momento
Como pode parecer tão errado

Ahh, ninguém consegue ver?
Temos uma guerra para travar
Nunca achamos nosso caminho
Diferente ao que eles dizem

Como pode parecer tão errado?
Para esse momento
Como pode parecer tão errado



Esta música ensina como ver a luta a travar. Logo no início afirma-o dizendo também que o caminho é difícil de encontrar. E assim aconteceu com os marinheiros portugueses. E apesar de tudo parece errado. Àqueles que ficaram ocorreram os pensamentos de como seria bom se aqueles que se amam não tivessem partido, se tivessem ficado a seu lado. Aos que partiram, a tempestade fez ter vontade de regressar, a guerra fez tanto querer desistir. Mesmo palavras muito fortes são ocas para explicar sentimentos, contudo se lhe abrirmos os nossos corações talvez sejamos capazes de sentir algo tão parecido, tão forte como aquilo que nos dizem.

Gupo II
Alexandrina; Aloísio; André; Carlos Peixoto e Rui Pedro

Horizonte

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
‘Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa –
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp’rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.

Posição do poema

O poema insere-se na Segunda parte “ Mar Português” da obra de Fernando Pessoa, onde se conta a história dos Descobrimentos. É o segundo poema desta parte e diz que para se atingir um objectivo é necessário um sonhador “ O Infante”, um sonho “Horizonte” para posteriormente dar realização a esse mesmo objectivo “ Mar Português” (conquista sobre o mar). Pessoa pretende falar nesta parte como os Portugueses chegaram à realização dos Descobrimentos, do sonho português. Neste poema o sujeito poético descreve o encantamento dos navegadores quando, ao aproximarem-se das conhecidas costas, (longe), tornavam concreto o que antes era apenas abstracto (sonho).

Análise do poema


Este poema fala da História dos Descobrimentos, trata da grande realização da pátria, que ansiava pelo desconhecido e esforçava-se na luta com o mar. Destaca-se aqui a projecção universal que os descobrimentos portugueses implicaram e os esforços sobre humanos que foi preciso desenvolver na luta contra os elementos naturais, hostis e desconhecidos. O próprio titulo do poema “Horizonte” transmite uma ideia de desconhecido, o objectivo, que apesar de longínquo, já que se vê ao longe e, com isso, fica mais fácil de o alcançar, já que é mais fácil acreditar naquilo que se vê do que naquilo que não se vê, mesmo que longe. O “Horizonte” representa o espaço-desafio do avanço da navegação, que, fascina e aterroriza ao mesmo tempo.
Este poema pode-se dividir em duas pares em que a primeira parte corresponde ás duas primeiras estrofes. Nesta parte descreve-se o encantamento dos navegadores quando, ao verem as costas desconhecidas, tornaram concreto o que antes era abstracto. Poderemos comprovar isso numa análise mais detalhada ao poema. “Ó mar anterior a nós” nesta apóstrofe verifica-se que o feito do povo navegador consistiu na transformação do mito em realidade. “teus medos”, são os medos que os navegadores tinham, medo do desconhecido, do que poderiam encontram. “tinham coral e praias arvoredos”, uma enumeração, “Desvendadas a noite e a cerração, as tormentas passadas e o mistério”, o que era desconhecido, “Abria em flor o Longe, e o Sul sidério ‘Splendia sobre as naus da iniciação”, foi desvendado, tiraram-lhe a noite( o escuro representa o medo e o desconhecido), e, passando pelas dificuldades do caminho(tormentas passadas), revelou-se enfim o seu mistério. Abriu-se esse conhecimento quando para Sul as naus dos iniciados viajaram, as naus dos portugueses.


Na segunda estrofe há uma insistência no tema abordado na estrofe de cima. “Linha severa da longínqua costa”, nesta personificação (linha severa), terras desconhecidas, mas que conseguiram ser alcançadas pelos portugueses,”quando a nau se aproxima ergue-se da encosta/ em arvores onde o Longe nada tinha/ mas perto, abre-se a terra em sons e cores:/ e, no desembarcar, há aves, flores” o que eles encontram quando chegam a terra, faz referência também ao “Longe” que era o maior obstáculo dos portugueses. “Onde era só, de longe a abstracta linha” onde antes de lá chegarem era apenas uma linha ao longe onde nada viam, um horizonte cheio de nada, com os proveitos de uma dura espera e do intenso cansaço se tornou num quadro vivo e propicio a aventuras e a novas descobertas. O abstracto torna-se concreto, com a revelação do mistério.
Na terceira estrofe que corresponde à segunda parte, fala do conceito de sonho e da sua concretização. “O sonho é ver as formas invisíveis” este oximoro (não e possível ver formas, coisas invisíveis) tornas o sonho do eu poético impreciso, tal como todos os sonhos. “ver formas invisíveis”, é captar algo que ainda não existe, algo que se pensa irrealizável. “Da distância imprecisas, com sensíveis/ Movimentos da esp’rança e da vontade”, distancia que não é nítida, tornando-os confusos, mas com esperança e vontade de lá chegar. “Buscar na linha fria do horizonte/A arvore, a praia, a flor, a ave, a fonte /Os beijos merecidos da Verdade”, nesta enumeração e polissíndeto do articulador “a”, a verdade é o ponto de chegada dos portugueses. Surge aqui como uma recompensa dos seus feitos, mas para Pessoa essa recompensa será uma recompensa espiritual, a verdade do conhecimento oculto.


Significado denotativo/conotativo do título

Horizonte – espaço da superfície terrestre abrangido pela vista; esfera celeste que limita o nosso campo de visão.
Linha do horizonte – linha de contacto aparente entre o céu e a terra.
No sentido conotativo horizonte é a ideia de desconhecido, o objectivo, que apesar de longínquo, já se vê ao longe e, com isso fica mais fácil de o alcançar. No sentido figurado significa futuro.



Tempo evocado/espaço invocado

O tempo evocado é o tempo relembrado onde neste poema o sujeito poético usa a narração do passado, uma época mesmo antes dos Descobrimentos. Fernando Pessoa no poema “Horizonte” fala do sonho que os portugueses tinham de conquistar o mar e ir para lá do Horizonte, isto é, faz uma relembrança do passado onde utiliza o tempo verbal pretérito imperfeito. As expressões que traduzem o tempo evocado são: “Ó mar anterior a nós” e “ teus medos tinham coral e praias e arvoredos”.
O espaço invocado é um espaço desejado, que neste poema traduz-se pelo sonho e pela desejo dos portugueses chegarem para lá do Horizonte, onde “Longe”, palavra expressa no texto, traduz esse mesmo desejo. O Horizonte é algo que sempre foge mas que sempre se persegue. As expressões que traduzem esse desejo de partir, de conquistar o mar, são: “Abria em flor o Longe” e “ o Sul sidério ‘Splendia sobre as naus de iniciação”.

Confronto das duas concepções de mar

Uma concepção de mar abordada no texto é o “ mar anterior a nós”, ou seja, o mar antes dos portugueses o terem descoberto, o mar desconhecido e sonhado por os portugueses. Esta concepção de mar confronta-se com outra das concepções de mar referidas no poema que é o mar descoberto pelos portugueses com o desejo de atravessar a linha do horizonte, como se pode observar na expressão “ Buscar na linha fria do horizonte a árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte – Os beijos merecidos da Verdade.”.



Léxico associado à ideia de viagem

O léxico é o conjunto de palavras que traduzem um conceito, que neste caso é viagem. O conjunto de palavras é: “ As tormentas passadas”; “ Longe”; ” Sul sidério”; “ naus de iniciação” ; “encosta”; “ desembarcar” ; “ movimentos” e “ horizonte”. Todas estas palavras traduzem o conceito de viagem, movimento. O sujeito poético usa estas palavras para nos remeter ao passado e ao facto de após ter existido o sonho deu-se a realização deste mesmo numa viagem feita pelos portugueses.



Progressão do poema em termos das dicotomias:
a) Concreto/ abstracto;
b) Conhecido/desconhecido

O poema segue um movimento de cima para baixo, isto é, o sujeito poético no poema descreve a passagem do abstracto para o concreto. Na primeira estrofe encontra-se uma referência ao abstracto, “mistério”, algo intocável, algo invisível que se torna concreto na segunda estrofe, “ encosta”, traduz o real, algo que existe. Pessoa descreve o encantamento dos navegadores quando, ao aproximarem-se de desconhecidas costas, tornavam concreto o que antes era apenas abstracto (“mistério”). Na terceira estrofe o sujeito poético passa novamente do abstracto “sonho” para o concreto ”Os beijos merecidos da Verdade”. O sonho é algo que não existe até ser concretizado, lá os beijos merecidos da verdade são as recompensas ou o real que torna o sonho algo de concretizado, concreto. Também em termos do desconhecido/conhecido o poema segue um movimento que parte do desconhecido, terras desconhecidas, onde se encontravam no longe, para o concreto, terras conhecidas onde os portugueses desembarcaram e passaram a desvendar e dar conhecimento ao que antes era desconhecido. Mais uma vez na terceira estrofe se passa do desconhecido “ sonho” para o conhecido ”a árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte”. O sonho neste poema é referido como o desejo de alcançar o desconhecido, ”da distância imprecisa” e que ao atravessar a “linha fria do horizonte” se encontre o que os portugueses iriam conhecer, como praias, aves e fontes.



Definição de sonho

O sonho neste poema encontra-se num oximoro “O sonho é ver as formas invisíveis”. Para os portugueses o sonho é conhecer o que era desconhecido, numa “ distância imprecisa”, isto é, uma distância em que se sabe que está longe, mas que nunca sabemos onde terminará, daí estar a comparar com a “linha fria do horizonte”, que é algo que nós vemos, mas que nunca a conseguimos alcançar. As pessoas acreditam mais naquilo que se vê do que aquilo que não se vê, mas que existe. Na terceira estrofe podemos retirar cinco símbolos da vida importantes, “a árvore”, ”a praia”, “a flor”, “a ave” e ”a fonte”. A árvore, que simboliza a vida em perpétua evolução, onde existem três níveis de comunicação: o nível subterrâneo por meio das raízes, o nível à superfície da terra através do tronco e o nível elevado por intermédio da copa e dos ramos superiores; ela representa a relação entre o mundo superior e o mundo inferior. Esta interpretação pode estar relacionada com o sonho, pois este também se pode dividir em três níveis de existência: o seu nascimento que o torna impreciso, sem formas nítidas; o seu desenvolvimento, onde já são traçados alguns objectivos; e a sua morte, em que deixa de ser sonho e passa a ser uma realidade.
A praia é uma zona de extenso areal que simboliza a libertação. Talvez a libertação do sonho, quando este ganha asas da imaginação ou quando ele se liberta precisamente para a sua concretização. A flor é a imagem do amor e da harmonia. Símbolo da infância e, de certo modo, do estado édenico (paraíso), em que o sonho, possivelmente, pode ser uma imagem do nosso desejado paraíso. A ave que se opõe à serpente é o símbolo do mundo divino, talvez do sonho. As aves simbolizam os estados espirituais, os estados superiores do ser, assim como o sonho. Por último, a fonte simboliza a origem da vida. É a imagem da alma, origem da vida interior e da energia espiritual. Também o sonho pode ser considerado a vida, muitas vezes a sua origem e a imagem da alma.
Pode-se concluir então que o sonho é como uma segunda vida para nós.



Maiusculização das palavras “Longe” e “Verdade”

A atribuição de maiúsculas às palavras “Longe” e “Verdade” deve--se ao facto do sujeito poético querer reforçar os seus significados. O Longe que nos sugere as grandes esperanças dos portugueses, o tentar alcançar os seus objectivos, o horizonte importante de ser desvendado e de ser atingido, esta palavra é reforçada também no sentido de longínquo, mas, contudo e por fim, se abre em flor, isto dá-nos a ideia de todas as conquistas realizadas pelos portugueses. A Verdade, neste poema significa o real, o que foi descoberto pelos portugueses. Estas duas palavras estão relacionadas visto que é no “Longe” que está a “Verdade”, isto é, é na viagem em direcção ao longe, ao destino, ao que nós sonhamos que vamos encontrar a verdade, o que é real, a concretização do sonho.


Aproximações do poema pessoano ao poema camoniano

O poema pessoano relaciona-se com a epopeia camoniana através do sonho descrito no poema “Horizonte” da “Mensagem” e concretizado no canto VI d’ ”Os Lusíadas”. O sonho era descobrir as novas terras que até à data era desconhecidas e Camões diz que esse sonho foi realizado com a chegada dos portugueses à Índia (Calecut). Os perigos ultrapassados de que fala Pessoa “teus medos”; “As tormentas passadas”; “mistério”; “Longe”; “se aproxima ergue-se a encosta”; “Movimentos da esp’rança” e “Os beijos merecidos da Verdade” são evidentes em Camões através das expressões “Já fora de tormenta e dos primeiros mares”; “o temor vão do peito voa”; “Vosso trabalho longo aqui fenece”; “Sofrer aqui não pôde o Gama mais”; “Que não somente a terra lhe mostrava”; “com tanto temor, buscando vinha”; “Por quem tanto trabalho experimentava”; “vento duro, férvido e medonho”; “Mas via-se livrado, … da morte”; “a terra que buscais da verdadeira Índia, que aparece”; “Terra é de Calecu”; “A mercê grande a Deus agardeceo”. Os portugueses sonharam, passaram os perigos, descobriram o horizonte e tiveram a recompensa. É o mesmo que nós temos de fazer, sonhar, passar os perigos, ”Longe”, com, “ as armas”, a nossa inteligência descobrir o horizonte, o futuro, o nosso objectivo, a “Verdade” e recebermos a recompensa que é o 5ºImpério. É preciso sonhar para criar o 5ºImpério.



Objecto

O objecto que escolhemos foi a Lua, ou melhor um objecto que represente a lua. Escolhemos este objecto porque o comparamos com o horizonte e relacionamos com o V Império. O horizonte foi para onde os portugueses olharam e sonharam em lá chegar e trabalharam para isso e conseguiram através da sua inteligência mas principalmente pela sua força e coragem. A lua era também algo para onde se olhava e alguém sonhou em lá chegar, já que se via, apesar de estar longe, pensou-se ser possível alcança-la e foi mesmo, através de estudos feitos que exigiam muito conhecimento e determinação. Pensamos que se sonhar-mos, como sonhamos para os descobrimentos e se sonhou para chegar á lua, também nós conseguiremos chegar ao V Império, através do conhecimento e investindo mais de nós próprios para isso, apesar de não ser algo que se veja. Basta sonhar! Como Pessoa dizia: ”Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.


Música


Luís Represas – Linha Da Frente


Caminha e sente os pés
Que a areia é fria e dura
Não olhes para trás
Que o mar nada perdura
A onda apaga os traços
E limpa o que foi rasto
Deixando p´ra quem chega
Lugar p´ra novos passos

Não tenhas esperança
Outra vez
Que a esperança é senhora
De quem já
Perdeu os caminhos,
De quem já não sabe lutar.

Com uma espada feita
De sonhos cravejada
Enfrentas as miragens
Sem tempo p´ra pensar
E se o medo te assalta
É p´ra te despertar
Para o que desconheces
Mas queres conquistar.

Tens a espada e tens o medo
Tens o tempo e o caminho
Esquece a esperança ali sentada
Sem ter esperança de morrer.
Tens a força de quem sabe
E o encanto de quem quer
E poder fazer que a esperança
Seja a primeira a morrer

Escolhemos esta musica porque de certa forma achamos que relaciona-se com o põem a e podemos também tê-la como referencia para construir-mos o V Império, e porque fala de mar.
Passamos assim a explicar com alguns versos da música. Para construirmos o V Império é preciso coragem de seguir em frente, não desistir a meio do caminho, “Não olhes para trás”.
” E limpa o que foi rasto
Deixando p´ra quem chega
Lugar p´ra novos passos” , lugar para novos passos, V Império.
“Não tenhas esperança
Outra vez
Que a esperança é senhora
De quem já
Perdeu os caminhos,
De quem já não sabe lutar. “

Não ter esperança, neste contexto achamos que será que apesar de já ter perdido “caminhos” não devemos desistir, de ficar à espera de quem faça algo e façamos nós algo. Ou seja não devemos esperar que venha alguém construir o V Império mas tentar sermos nós a construí-lo. Ultrapassando os obstáculos “Enfrentas as miragens “, mesmo com alguns medos daquilo que não conhecemos.
“E se o medo te assalta
É p´ra te despertar
Para o que desconheces
Mas queres conquistar”, mas tendo o sonho de lá chegar e conquistar o desconhecido.
“Tens a espada e tens o medo
Tens o tempo e o caminho “
Temos a espada, a força e o caminho, como referido no poema o “longe”, mas que podemos alcançar.
“E o encanto de quem quer “ se quisermos e acreditarmos conseguimos chegar onde quisermos. Acreditamos e conseguimos descobrir o desconhecido, se voltarmos a acreditar podemos chegar ao V Império, basta ter o sonho, o sonho é o que nos move.

Grupo I
Ana Leite; Cátia Ferreira; Joana Sousa e Sara Alves

O Infante D.Henrique

Localização

O poema “O Infante D. Henrique” está localizado no livro a “Mensagem”, que foi escrito por Fernando Pessoa. Nesta obra, conta-se a história do passado para falar do futuro.
A poesia da “Mensagem” é uma poesia épico-lírica. A poesia épico-lírica caracteriza-se por forma fragmentária, atitude introspectiva, interiorização e simbolismo no carácter lírico, e no carácter épico caracteriza-se por tom heróico e a evocação da história.
O livro divide-se em três partes. A primeira parte é “Brasão”, onde desfilam os heróis lendários ou históricos, desde Ulisses a D. Sebastião, ora invocados pelo poeta, ora definindo-se a si próprios, como em inscrições lapidares, epigramáticas. A segunda parte é “Mar Português”, com poesias inspiradas na ânsia do Desconhecido e no esforço heróico da luta com o Mar. A terceira parte é o “O Encoberto”, onde se afirma um sebastianismo de apelo e de certeza profética.
O poema, “O Infante D. Henrique” situa-se na primeira parte, “Brasão”, que é constituída por cinco partes que são “Os Campos”, “Os Castelos, “As Quinas”, “A Coroa”, e o nosso poema encontra-se na última parte que é “O Timbre”.


A história e a Cabeça de Grifo

O Grifo é uma ave mitológica com bico e asas de águia e o corpo de leão. O Grifo participa do simbolismo da águia e do leão, o que significa que ele tem, por um lado, uma natureza celeste (águia) e, por outro, uma natureza terrestre (leão). É, pois, o simbolismo que representa as duas naturezas de Cristo, a humana e a divina. Noutra perspectiva também a dupla qualidade divina: a força e a sabedoria.
O Grifo é igualmente um símbolo de salvação, pois se compararmos a simbologia da águia à do leão, podemos dizer que o Grifo associa o poder terrestre do leão à energia celeste da águia.
Contudo, o Grifo é interpretado de modo desfavorável, de acordo com uma tradição cristã que considera que a sua natureza híbrida, em lugar de lhe conferir as qualidades do leão e da águia, e lhe tira, pelo contrário essas mesmas qualidades. Assim, o Grifo, segundo esta tradição, é uma força cruel, imagem do demónio.
Entre os gregos, os Grifos andam associados aos monstros que guardam os tesouros. Simbolizam a força e a vigilância, assim como os obstáculos que têm de ser transportados para se alcançar os tesouros.


Em relação ao poema o Grifo é um enigma. Será talvez, na intenção do Poeta, o enigma que Portugal se propõe desvendar e que ainda não desvendou. O Infante D. Henrique está à frente dessa missão. Senhor do “inteiro mar” e acabará por ter todo, “o globo mundo em sua mão”. Contudo esta só, “Com seu manto de noite e solidão”.
É muito significativo o facto de o Poeta apresentar o Infante como um homem solitário, mas que, ao mesmo tempo, ligou o mundo inteiro. Está só e simultaneamente, possui, “todo o globo mundo”. O Infante é outro importante símbolo, todas as grandes obras foram realizadas na solidão, todas as grandes missões foram cumpridas por homens solitários. Contudo, trata-se de um tipo especial de solidão. Não é uma solidão que os isole. Pelo contrário, é uma solidão que os torna universais. O Infante D. Henrique é o símbolo de uma universalidade que é alcançada através da mais profunda realização individual.

O Infante D. Henrique era o terceiro filho dos reis D. João e D. Filipa, nasceu no Porto a 4 de Março de 1394.
Em 1414, incentivou o pai a montar a campanha de conquista a Ceuta. Como era organizador e empreendedor, seu pai, nomeio-o administrador e governador da Ordem de Cristo. Foram os seus navegadores que descobriram as primeiras ilhas dos Açores em 1427. Foi com o Infante D. Henrique que o Cabo Bojador foi passado pela primeira vez ao comando de Gil Eanes.
O Infante D. Henrique pode-se dizer que foi o impulsionador dos Descobrimentos, e foi uma personagem muito intrigante, com um certo mistério e muitos segredos. Também os seus motivos e os objectivos das suas navegações têm sido amplamente discutidos e diferenciados, mas, sem dúvida, foi o grande condutor da expansão ultramarina portuguesa e europeia.

Análise do poema “O Infante D. Henrique”

O Infante foi o grande impulsionador da expansão ultramarina portuguesa, isso é referido no poema, no último verso. “O único imperador que tem, deveras / O globo mundo na sua mão”.
Os adjectivos utilizados no poema caracterizam o Infante D. Henrique, e o seu percurso histórico e os seus feitos. Alguns adjectivos são utilizados para caracterizar o Infante. “Em seu trono entre o brilho das esferas”, “Com seu manto de noite e solidão” e “Tem aos seus pés o mar novo e as mortas eras”.
O tempo presente é utilizado para eternizar o Infante D. Henrique e os seus feitos, demonstrar que ainda não foram esquecidos, ou seja, continuam presentes. O presente indica a permanência, hábito e é geralmente utilizado para cantar feitos históricos, trata-se do presente histórico, daí resultando uma maior realidade do narrador.
Os recursos estilísticos, utilizados no poema são: a adjectivação simples, a antítese, com o confronto de ideias opostas, “Com seu manto de noite e solidão,” e “O globo mundo em sua mão.”
Nos poemas de Camões é relatado a história de Portugal e os Descobrimentos no séc. XVI, e os poemas de Pessoa, a história passada de Portugal para falar no futuro de Portugal e no Quinto Império que Fernando Pessoa acreditava que vai ser construído por Portugal.

Objecto e Música

O objecto que melhor simboliza o poema é o globo, pois representa o mundo e no poema é referido que o Infante é “O único imperador que tem, deveras / O globo mundo na sua mão”. E também, porque o Infante foi o impulsionador dos Descobrimentos, daí a escolha do globo para objecto.

Quanto à música, escolhemos, a música, “Conquistador”dos Da Vinci. A música fala dos Descobrimentos, logo está relacionado com o poema em estudo. A música fala de todos os países conquistados por Portugal.

Conquistador
Da Vinci
Composição: Letra: Pedro Luís / Música: Ricardo
Era um mundo novo
Um sonho de poetas
Ir até ao fim
Cantar novas vitórias
E ergueram orgulhosas bandeiras
Viver aventuras guerreiras
Foram mil epopeias
Vidas tão cheias
Foram oceanos de amor

Já fui ao Brasil
Praia e Bissau
Angola Moçambique
Goa e Macau
Ai, fui até Timor
Já fui um conquistador

Era todo um povo
Guiado pelos céus
Espalhou-se pelo mundo
Seguindo os seus heróis
E levaram a luz da cultura
Semearam laços de ternura
Foram mil epopeias
Vidas tão cheias
Foram oceanos de amor

Já fui ao Brasil
Praia e Bissau
Angola Moçambique
Goa e Macau
Ai, fui até Timor
Já fui um conquistador

Foram dias e dias
E meses e anos no mar
Percorrendo uma estrada de estrelas
A conquistar

Já fui ao Brasil
Praia e Bissau
Angola Moçambique
Goa e Macau
Ai, fui até Timor
Já fui um conquistador(Bis)


Grupo V - Bruno; Joana Martins; Priscila e Rute

Nun´Álvares Pereira

Introdução

No trabalho irá ser feita uma análise ao poema de Fernando Pessoa, inserido no livro “A Mensagem”.
Será apresentada uma análise geral, situando o poema na obra e uma análise de acordo com os tópicos de leitura (principal objectivo deste trabalho). Como o poema glorifica um herói haverá uma pequena biografia do mesmo.
A importância de comparar o poema com algumas passagens de “Os Lusíadas” também não foi esquecida, então haverá um pequeno quadro que liga a obra de Pessoa, à obra de Camões…




Nuno Álvares Pereira (biografia)

Nasceu a 24 de Junho de 1360 na Sertã. Casou com Leonor Alvim em 1377, na Azambuja, tendo gerado uma filha, Beatriz Pereira de Alvim.
A 14 de Agosto de 1385, Nuno Álvares Pereira mostra o seu génio militar, ao vencer a batalha de Aljubarrota, à frente de um pequeno exército de 6000 portugueses e ingleses contra 30000 tropas castelhanas, utilizando a famosa táctica do quadrado. A astúcia de Nuno Álvares Pereira, ao utilizar esta táctica, foi muito importante na história de Portugal, pois evitou que o país caísse nas mãos de Castela e perdesse a sua independência.
Após a morte de sua mulher, tornou-se carmelita entrando na Ordem em 1423, no convento do Carmo, adoptando o nome de irmão Nuno de Santa Maria. Aí permaneceu até a morte, ocorrida em 1 de Novembro de 1431, com 71 anos.
Foi beatificado em 23 de Janeiro de 1981 pelo papa Bento XV…


Nun' Álvares Pereira


Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.

Esperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!


Este poema surge na primeira parte do livro “a mensagem” de Fernando Pessoa….O “Brasão” é a primeira das três partes do livro Mensagem, de Fernando Pessoa. O título “Brasão” não foi escolhido por acaso, sendo brasão uma representação que se utiliza de símbolos a fim de identificar famílias, indivíduos ou regiões por seus atos de nobreza e heroísmo. Neste título, Pessoa busca identificar de onde vem a nobreza de Portugal.

“Brasão” inicia-se com a expressão em latim “Bellum sine Belo”, que
significa “guerra sem armas”. É dividido em cinco partes: I. Os Campos; II.
Os Castelos; III. As Quinas; IV. A Coroa e V. O Timbre. O poema que iremos analisar está na quarta parte, “A Coroa”.
A coroa é um símbolo de poder e autoridade dos governantes, desde os
tempos pré-históricos. Mas a coroa também era dada ou posta a indivíduos
que não eram monarcas, em cujo caso a coroa era símbolo de grandes
feitos heróicos ou conquistas de coragem. Por uma razão de orgulho e
nobreza, Pessoa deu a coroa a Nuno Álvares e não a um rei ou príncipe.


No poema Fernando Pessoa refere uma auréola. A auréola que cerca Nuno Álvares Pereira é, ao mesmo tempo, uma
auréola de santidade (do guerreiro tornado monge) e uma auréola de
combate (“é a espada (…) volteando”). Quer ele dizer que a santidade que
ele alcançou, foi a custo também dos seus actos de guerreiro, pois é a sua
espada que desenha o círculo diáfano por cima da sua cabeça,
destacando-o – santo – do comum dos homens.

Conhecendo-se a origem da auréola que cerca Nuno Álvares Pereira -
a espada - na segunda estrofe, Pessoa fala-nos sobre essa mesma espada.
Diz-nos que a espada “que, erguida / Faz esse halo no céu” não é uma
espada qualquer, não é a espada de um comum cavaleiro,mas “é Excalibur,
a ungida”, a espada do “Rei Artur”.
Pessoa pede a Nuno Alves Pereira, nos dois últimos versos, que erga a
luz da sua espada “para a estrada se ver”, para sabermos que caminho
seguir no futuro.


Concluída uma análise geral sobre o poema, será agora apresentada uma interpretação de acordo com os tópicos de leitura que requerem não só uma análise sobre Fernando Pessoa, mas também uma relação poema/imagem, uma comparação entre a obra Pessoana e a obra Camoniana e o uso de determinados recursos estilísticos.


Na primeira parte da obra, “Brasão”, Fernando Pessoa faz referência a personagens históricas e mitícas, daí a presença de Nuno Álvares Pereira como líder preparado para a batalha, o guerreiro perfeito.
Por isso, na Mensagem, Pessoa exalta o valor incomparável de Nuno Álvares Pereira. O facto de existir uma parte no “Brasão”, que é “ A Coroa”, destina-se apenas ao poema de Nuno Álvares Pereira, enaltece ainda mais a sua pessoa. Também Camões faz referência, explicita ou implicitamente, a Nuno Álvares Pereira 14 vezes em “Os Lusíadas”.

Pessoa começa o poema com uma interrogação retórica acerca daquilo de que é feito Nuno Álvares Pereira. Os restantes versos da primeira estrofe são como respostas à questão inicial. Nesta estrofe, Fernando Pessoa chega a afirmar que o valor de Nuno Álvares Pereira é maior que o do rei Artur, já que o primeiro passou de realidade a mito (foi beatificado), este ùltimo é apenas um mito que muitos afirmam ter sido realidade. Para além disso, assim como Rei Artur foi predestinado para empunhar a Excalibur, também Nuno Álvares Pereira o foi para empenhar a sua espada, que o guiou na batalha, a ungida.
Os dois ultimos versos do poema, podem ser vistos como um conselho dado aos portugueses: se querem ser vitoriosos devem seguir o exemplo de Nuno Álvares Pereira, usando a exclamação final como um pedido para Nuno Álvares nos indicar o caminho a seguir para o império que há-de vir.

Tudo isto se pode comparar com “Os Lusíadas”. Na primeira parte, o ideal de guerreiro, por um lado ser forte e robusto fisicamente, por outro conhecedor da arte e inteligente. Na segunda parte existe uma semelhanca já que Camões manifesta a importância de Nuno Álvares para Portugal (“mas não vês quase já desbaratado/ o poder Lusitano, pela ausência/ Do capitão devoto, que, apertado,/ Orando invoca a suma e trina Essência?”)

Quanto a relação da imagem com o poema, esta é de autoria de Luciano Freire que, no fundo, ilustra tudo o que o poema diz.
A imagem tal como o poema faz como ponto de referência a espada que é um dos símbolos da grandeza de Nuno Álvares, a espada que apenas pode ser usada só por alguns, e so guerreiros miticos como Rei Artur e Nuno Álvares é que são destinados a usá-la.
Na pintura surge também uma coroa, coroa esta que como já referido, é simbolo de feitos heróicos e apenas para pessoas que fazem actos heroicos. E não apenas para monarcas.
Ainda é visivel como fundo, uma batalha, que muito possivelmente quer retratar a o grande acto de Nuno Álvares, que foi sair vitorioso da batalha de Aljubarrota.


Os Lusíadas

Viagem, aventura, risco (elementos viris)
D. Sebastião físico
Império terreno
Evocação
Portugueses
(um império que já não é)



A Mensagem

D. Sebastião mítico
Elemento onírico
O encoberto
O desejado
Império Espiritual
Invocação
Atitude Metafísica
Essência de Portugal
Abstracção

O projecto da Mensagem é o de superar o carácter obsessivo e nacional d’Os Lusíadas no imaginário mítico-poético nacional. Os Lusíadas conquistaram o título de “evangelho nacional” e foram elevados à categoria de símbolo nacional. A Mensagem logo no seu título aponta para um novo evangelho, num sentido místico, ideia de missão e de vocação universal. O próprio título indicia uma revelação, uma iniciação.
Pessoa previa para breve o aparecimento do “Supra-Camões” que anunciará o “Supra-Portugal de amanhã”, a “busca de uma Índia Nova”, o tal “porto sempre por achar”. A Mensagem entrelaça-se, através de um complexo processo intertextual, com Os Lusíadas, que por sua vez são já um reflexo intertextual da Eneida e da Odisseia. Estabelece-se portanto um diálogo que perpassa múltiplos tempos históricos. Pessoa transforma-se num arquitecto que edifica uma obra nova, com modernidade, mas também com a herança da memória.
Em Camões memória e esperança estão no mesmo plano. Em Pessoa, o objecto da esperança transferiu-se para o sonho, daí a diferente concepção de heroísmo.
Pessoa identifica-se com os heróis da Mensagem ou neles se desdobra num processo lírico-dramático. O amor da pátria converte-se numa atitude metafísica, definível pela decepção do real, por uma loucura consciente. Revivendo a fé no Quinto Império, Pessoa reinventou um razão de ser, um destino para fugir a um quotidiano absurdo.
O assunto da Mensagem é a essência de Portugal e a sua missão por cumprir. Portugal é reduzido a um pensamento que descarna e espectraliza as personagens da história nacional.
A Mensagem é o sonho de um império sem fronteiras nem ocaso. A viagem real é metamorfoseada na busca do “porto sempre por achar”.


“A Mensagem comparada com Os Lusíadas é um passo em frente. Enquanto Camões, em Os Lusíadas, conseguiu fazer a síntese entre o mundo pagão e o mundo cristão, Pessoa na Mensagem conseguiu ir mais longe estabelecendo uma harmonia total, perfeita, entre o mundo pagão, o mundo cristão e o mundo esotérico.” (Cirurgião: 1990,19)

“A Mensagem é algo mais, muito mais, que uma mera viagem temporal e espacial pela mitologia, pré-história e história de Portugal. É essencialmente uma viagem pelo mundo labiríntico dos mistérios e dos enigmas e dos símbolos e dos signos secretos, em demanda da verdade.”
Cirurgião, António, 1990 O olhar esfíngico da Mensagem de Fernando Pessoa
INLC, Ministério da Educação


A Mensagem reparte-se em dois vectores:

Busca ôntica – procura da essência da lusitanidade e definição da nossa idiossincrasia
Inquirição – questionação do momento histórico e definição do que fazer a seguir como projecto nacional colectivo

Pessoa é um exemplo desta obsessão nacional – a espera de um Messias. A história de Portugal não oferece problemas à elaboração de um mito nacional. Ela está cheia de elementos e contém já um grande mito, o sebastianismo. Pessoa distinguiu o seu sebastianismo, apelidando-o de racional. O regresso de D. Sebastião é associado ao aparecimento do Quinto Império. Pessoa abandona os Impérios materiais para elaborar impérios espirituais – Grécia, Roma, Cristandade, Europa pós-renascentista e, agora, Portugal. O Quinto Império já estava escrito nas trovas do Bandarra e nas quadras do Nostradamus. O nacionalismo tradicional é superado por um nacionalismo cosmopolita.
Pessoa, criador do fundo e da forma do mito, anuncia-se como um supra Camões. A realidade é activada pelo Mito (força catalizadora).


Grupo IV
Carlos Alberto; Hélder; Paulo; Romeu e Rui Mendes

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

D. Sebastião

“D. Sebastião, Rei de Portugal”


Ø Biografia de D. Sebastião:

D. Sebastião, filho único e descendente de D. João de Portugal, foi muito novo para África com o intuito de retornar à glória passada, de consolidar a figura real no acto governativo e de conquistar a terra dos infiéis, em nome de Deus.
Em virtude de ser um herdeiro tão esperado para dar continuidade à Dinastia de Avis, ficou conhecido como “O Desejado”; alternativamente, é também lembrado como “o Encoberto” ou “O Adormecido”, devido à lenda sebastianista.
Durante a infância do jovem rei, este foi educado por jesuítas, tornando-se num adolescente de grande fervor religioso, que passava muito tempo em jejuns e o resto em caçadas.
Devido a toda esta educação, D. Sebastião desenvolveu uma personalidade mimada e teimosa, dada a sua posição de rei, aliada a sua convicção de que seria o capitão de Cristo numa nova cruzada contra os Mouros do norte de África.
A quando da maioridade, D. Sebastião, já tinha iniciado a preparação da expedição contra os marroquinos. Ignorando os conselhos dos seus generais, rumou a África, nomeadamente, a Marrocos, e encaminhou-se para o interior, sofrendo uma penosa e humilhante derrota em Alcácer-Quibir, perdendo uma boa parte do seu exército, e possivelmente foi nesta batalha que D. Sebastião foi morto.
A morte de D. Sebastião originou uma crise em Portugal, pondo em perigo a independência.
Após sua morte D. Sebastião tornou-se, então, numa lenda “O Rei Dormente” que iria regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias.



Ø Localização do poema na obra:

O poema está localizado na primeira parte “Brasão”- da Mensagem (colectânea de poemas de Fernando Pessoa, escrita entre 1913 e 1934, data da sua publicação.). Dentro desta integra-se em “As Quinas”.
Esta obra (“Brasão”) contém poesia da índole épico-lirica participando assim das características destes dois géneros. Relativamente à sua matriz épica devemos destacar o tom de exaltação heróica que percorre esta obra; a evocação dos perigos e dos desastres bem como a matéria histórica ali apresentada.


Ø Exploração do poema da “Mensagem”:

Nesta parte da obra que nos propomos analisar aborda-se a origem, a fundação, o princípio de Portugal. O título “D. Sebastião” remete-nos para um momento importante na nação, assumindo D. Sebastião um papel importante na decisão tomada de avançar para a conquista de África.
Em termos formais, constatamos que o poema é constituído por duas estrofes, de cinco versos (quintilhas).
Quanto ao metro e ao ritmo os versos são irregulares. Os versos variam entre seis sílabas métricas, as oito e as dez. A rima varia entre rica e pobre, predominando não obstante a pobre e obedece ao seguinte esquema rimático: ababb, com rimas cruzadas e emparelhadas. A alternância do ritmo possibilita a emissão de uma reflexão do próprio rei e o incitamento que dirige aos destinatários.

Na nossa opinião, o poema poderá dividir-se em duas partes: a primeira corresponde à primeira estrofe e a segunda parte à segunda estrofe.
Na primeira, o sujeito poético faz uma auto-caracterização como “louco”; na segunda faz uma apologia da loucura, um elogio, exortando a que os outros dêem continuidade ao seu sonho.
Na primeira estrofe o poeta encontra a base da loucura na grandeza (a febre do além, o sonho, o ideal), que assume com orgulho. Em consequência dessa loucura, o herói encontrou a Morte em Alcácer Quibir (perífrase)[1]. Apesar disto a loucura tem neste poema uma conotação positiva, já que se liga ao desejo de grandeza, à capacidade realizadora, sem a qual o homem não passa de um animal. Veja-se ainda na primeira estrofe a referência ao ser histórico “ser que houve” que ficou na batalha de Alcácer Quibir, onde encontrou a destruição física, e a distinção deste com o ser mítico “não o que há”, que sobreviveu pois é imortal, é a ideia-símbolo, o sonho que fecunda a realidade. Este perdura na memória colectiva, por exemplo.

Na segunda parte, o poeta lança um repto aos destinatários, fazendo um apelo à loucura e à valorização do sonho. Deve portanto dar-se asas à loucura como força motora da acção. Trata-se de um apelo de alcance nacional e universal.
Este elogio por parte do poeta é a referência ao mito sebastianista, força criadora, capaz de impelir na nação para a sua última fase, que está aqui em questão.
O repto permite aos destinatários considerarem a grandeza do Rei suficiente para todos.
A utopia[2] foi e sempre será a força criadora de novos mundos, quer a nível individual quer a nível colectivo. “ Sem ideal cai-se no viver materialista”.
A interrogação retórica com que termina o poema aponta precisamente para a loucura como força criativa que poderá ser canalizada para a reconstrução nacional.
Sem o sonho “ a loucura “, o homem não se distingue do animal. É através do sonho que o homem é capaz de seguir em frente sem temer a própria morte. Assim, o homem deixará de ser apenas um animal sadio ou reprodutor, com a morte adivinhada.


Ø As recorrências lexicais:

O sujeito poético fala na primeira pessoa.
As referências lexicais são: “ Louco, loucura, haver (há e houve) e minha.”
Referências como “louco e loucura” referem-se à vontade que D. Sebastião tinha de conquistar feitos gloriosos e difíceis.
Quanto a “minha”, tem a ver com o seu maior sonho, ou seja, andar à conquista.


Ø A maiusculização da “Sorte”:

De um modo geral, a palavra “Sorte” vem escrita com letra maiúscula, pois não se refere à sorte, de ter sorte. No poema refere-se ao Destino/Fado, daí que tem uma importância maior.
As pessoas devem guiar-se pelo Destino/Sorte, mas no entanto elas têm um papel muito importante na construção do seu próprio caminho.


Ø Oposição pretérito/presente:
Em “…porque quis grandeza/ qual a Sorte a não dá”, indica a grandeza, o poder, os títulos que D. Sebastião queria conquistar, mas cuja “sorte”, cujo destino, não lho trouxe.
Quando diz “Ficou meu ser que houve, não o que há”, refere-se ao facto de o seu mito ainda persistir e que ainda se espera a aparição d’ El Rei Conquistador.

Ø Funcionalidade do conjuntivo na segunda estrofe:

O conjuntivo, é um tempo verbal que revela um acontecimento incerto ou duvidoso.
Neste caso, o conjuntivo presente na segunda estrofe tem a ver com o apelo que D. Sebastião faz aos outros para que estes sigam o seu sonho/loucura, o que é algo que não se sabe que se vá concretizar, daí a presença do conjuntivo.

Ø O discurso de primeira pessoa:

Em todo o poema, o sujeito poético escreve na primeira pessoa, pois é ele próprio que está a falar do seu sonho. Ele identifica-se com o sonho, concorda com esta maneira de ver o mundo, ou seja, ir à “guerra” para conseguir as coisas. O uso da primeira pessoa está ao serviço, também, da ressurreição de D. Sebastião. De todos os heróis da “Mensagem” este é o que mais importa que esteja vivo, por causa do mito que originou e da importância desse mito para a construção do Quinto Império. É imprescindível, para a “Mensagem”, que D. Sebastião, ou o sebastianismo, esteja vivo e não há maior prova de que alguém esteja vivo e presente do que ouvir “as suas próprias palavras”. Daí a primeira pessoa do singular.



Ø A intencionalidade da interrogação:

A interrogação com que termina o poema aponta precisamente para a loucura como força criativa, que poderá ser canalizada para a reconstrução nacional. Sem o sonho, “a loucura”, o homem não se distingue do animal.
É através do sonho que o homem é capaz de seguir em frente sem temer a própria morte. Assim, o homem deixará de ser apenas um animal sadio ou reprodutor com a morte adivinhada.

Ø Aproximação do poema pessoano:
a) (canto I):
Segundo, “Os Lusíadas”, no canto I, estância 6-18, o poeta dedica o poema ao Rei D. Sebastião, a quem, depois de tecer diversos elogios, incita a novos feitos guerreiros, que “ sejam matéria a nunca ouvido canto”.
Desta forma, este excerto aproxima-se da epopeia camoniana onde, Fernando Pessoa elogia também D. Sebastião e, incentiva-o a ir para a guerra, dando um aspecto de coragem e força ao povo.
(canto X)
N’ “Os Lusíadas”, no canto X, Camões renova os apelos da dedicatória, incita D. Sebastião a cometer novas empresas guerreiras e a incutir novo ânimo nos seus “vassalos excelentes”, no sentido de regenerar o país. Termina o seu canto, prometendo, de “braço às armas feito” e “mente às Musas dada”, servir fielmente o Rei.
Aproxima-se do poema pessoano, no sentido em que, historicamente, D. Sebastião foi um Rei que lutava pelos seus objectivos. Tinha em mente a conquista do Norte de África e prosseguiu com essa ideia, daí o significado que se atribui ao mito sebastianista.

b)

O poema de pessoa refere que o mito de D. Sebastião prossegue, não acaba com a sua morte.
O excerto da carta diz precisamente que mesmo após a sua morte D. Sebastião continuou no imaginário comum da população e o seu mito persistiu. A lenda/seu mito em primeiro lugar significou o seu regresso físico; depois significou a sua ressurreição e mais tarde o regresso do que o rei simbolizava.
No fundo D. Sebastião (no poema) diz que o sonho deve continuar, é o que permanece e é imortal. E Pessoa na carta refere o regresso do que o rei simbolizava: o sonho como força criativa para a reconstrução nacional.




Ø Localização do poema (justificação):

O poema da obra pessoana situa-se na primeira parte – Brasão – constituída por 19 poemas, corresponde ao nascimento da nação, cujos fundadores lendários ou históricos, desde Ulisses a D. Sebastião, se tornaram heróis míticos que ora são invocados pelo poeta, ora se definem a si próprios ao longo desta parte.
O brasão na mensagem tem de ser entendido como lugar da memória colectiva, onde as qualidades do ser português se fixam com o símbolo da procura, com a possibilidade criadora, com potência do “Portugal”. E, mais do que a imagem do passado, o Brasão é o futuro que esse passado não deixa adivinhar!


Ø A comparação deste poema com o primeiro de “Os Símbolos”, na terceira parte (“O Encoberto”):

OS SÍMBOLOS
Primeiro / D. Sebastião

Esperai! Caí no areal e na hora adversaQue Deus concede aos seusPara o intervalo em que esteja a alma imersaEm sonhos que são Deus.
Que importa o areal e a morte e a desventuraSe com Deus me guardei?É O que eu me sonhei que eterno duraÉ Esse que regressarei.


Na primeira estrofe, Pessoa apresenta a morte como algo transitório “o intervalo” que está “imersa / Em sonhos que são Deus”. Por isso não é um estado permanente e sim um estado de transição, uma passagem da vida que conhecemos para outra vida futura.
O símbolo de D. Sebastião não é retomado igual “D.Sebastião - rei de Portugal” como nas “Quinas”, que é a terceira subdivisão da primeira parte do livro, pois agora Fernando Pessoa invoca o símbolo mais perto de estar completo, livrando-se da “carne” para ficar somente com a essência do mito.
Em “Que importa o areal e a morte e a desventura”, na segunda estrofe, Pessoa trata da imortalidade da alma e que a morte não tem significado. Uma vez que a morte de D. Sebastião no areal de Marrocos não é importante, pois sua alma, sua essência, permanece guardada em Deus e ela e o mito regressarão em outro corpo. Mas isso não quer dizer que o próprio Rei regressará igual ou em uma figura mitificada. Pois o que retornará é a renovação do seu mito pois ele injetará nova vida ao que está morto, que é o corpo de Portugal.



Ø Objecto esolhido pelo grupo: Espada

A espada é símbolo de Guerra Santa, da guerra interior, do Verbo, da palavra, da conquista do conhecimento, da libertação dos desejos, do poder, da espiritualidade, da vontade divina, da justiça, etc.
A espada é a fiel companheira do cavaleiro. E não é apenas companheira de vida ou de morte do cavaleiro, existe entre os dois uma união quase mística, de modo que não nos podemos referir ao cavaleiro sem nos referirmos também à espada e vice-versa.

· Justificação:

A espada á o símbolo do nosso trabalho porque é sinónimo de bravura e coragem, características estas que para nós se relacionam com D. Sebastião, porque mesmo sendo muito novo, logo que atingiu a maioridade decidiu partir para a conquista de África; significa também a conquista do conhecimento e libertação dos desejos/sonhos que levaram o Rei para tão difícil tarefa, tornando-se no último rei conquistador de Portugal.
Podemos também associar a espada ao Verbo e à Guerra Santa, e sendo D. Sebastião tão religioso decide fazer cumprir a vontade divina e conquistar outros povos fazendo espalhar-se a palavra de Deus, a sua religião.
A espada é a companheira do cavaleiro, e D. Sebastião foi um dos Grandes cavaleiros de Portugal…



Ø Música: El Rei D. Sebastião (José Cid)

Fugiu de Alcácer QuibirEl Rei D. SebastiãoPerdeu-se num labirintoCom seu cavalo realAs bruxas e adivinhos Nas altas serras beirãsJuravam que nas manhãsDe cerrado de NevoeiroVinha D. SebastiãoPastoras e trovadoresDas regiões litoraisAfirmaram terem vistoPerdido entre os pinhaisEl Rei D. SebastiãoCiganos vindos de longeFalcatos desconhecidosTentando iludir o povoAfirmaram serem elesEl Rei D. SebastiãoE que voltava de novoTodos foram desmentidosCondenados às galesPois nas praias dos AlgarvesTrazidos pelas marésEncontraram o cavaloFarrapos do seu gibãoPedaços de nevoeiroA espada e o coraçãode El Rei D. SebastiãoFugiu de Alcácer QuibirEl Rei Rei D. SebastiãoE uma lenda nasceuEntre a bruma do passadoChamam-lhe o desejadoPois que nunca mais voltouEl Rei D. SebastiãoEl Rei D. Sebastião



Trabalho Elaborado por:

- Rui Monteiro
- César Costa
- Alexandra Sampaio- Bárbara Sousa
[1] Emprego de muitas palavras para exprimir o que se podia dizer mais concisamente.
[2] Projecto que a ser exequível asseguraria a felicidade de todos.